O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou na última terça-feira (25) que o seu candidato à presidência da República será o governador João Doria (PSDB-SP). A declaração de apoio de Fernando Henrique acontece após o ex-presidente Lula fazer uma ofensiva na direção de diversas figuras históricas do PSDB.
Circulava nos bastidores inclusive a informação de que os dois ex-presidentes teriam um novo encontro este ano — o tucano e o petista estiveram juntos em maio do ano passado.
Procurado, o Instituto Fernando Henrique Cardoso informou que não há qualquer previsão de agenda entre o tucano e o líder petista. Nesta tarde, FHC sinalizou que estará ao lado de Doria.
"Já tive a oportunidade de manifestar o meu apoio ao candidato Governador João Doria à presidência e que foi respaldada pelo meu partido", escreveu Fernando Henrique em sua conta oficial do Twitter.
A fala do ex-presidente tucano foi lida na legenda como um gesto inequívoco de apoio a Doria, cuja candidatura enfrenta resistência interna principalmente da ala de Minas Gerais do PSDB, ligada ao deputado Aécio Neves, desafeto do governador paulista.
Doria venceu as prévias no ano passado em meio a uma disputa que rachou o partido e se tornou pré-candidato da sigla ao Palácio do Planalto. Desde então já tinha o endosso do ex-presidente tucano.
Na ocasião, Fernando Henrique justificou seu apoio ao paulista por motivos como o seu empenho para viabilizar a vacina Coronavac contra a Covid-19 e por aprovar sua gestão em São Paulo.
Ainda assim, o governador paulista não decolou nas pesquisas de intenção de voto e enfrenta pressão por resultados. Em levantamento do instituto Datafolha de dezembro Doria aparece com 4%.
Aliados de Doria minimizam esses índices e afirmam que o paulista está focado na entrega de obras de seu governo em São Paulo e numa agenda robusta de investimentos no estado — somente este ano há mais de R$ 20 bilhões previstos.
Doria também tem colhido boas notícias na saúde e saiu na frente do governo federal na vacinação de crianças contra a Covid-19. Nesta tarde, o governador informava em suas redes sociais que já passavam de 436 mil crianças imunizadas no estado.
Derrotado nas prévias, o governador Eduardo Leite tem feito cobranças públicas em entrevistas e sugerido que se Doria não se viabilizar deve retirar a candidatura. Um dos padrinhos da candidatura de Leite nas prévias, o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) disse ao jornal Valor Econômico na segunda-feira que considera a senadora Simone Tebet (MDB-MS) um nome mais competitivo que Doria para a terceira via.
Tasso foi um dos tucanos que já esteve com o ex-presidente Lula. Após o petista atrair o ex-governador Geraldo Alckmin que é cotado como vice em sua chapa a presidente, Lula fez acenos a outras lideranças antigas da sigla, mas que hoje têm pouca participação e influência na vida partidária. Na sexta-feira, o líder petista esteve com o ex-ministro Aloysio Nunes (PSDB-SP).
Segundo aliados do petista, Lula busca diálogo para ter o apoio de uma coalização política ampla para um eventual governo e para enfrentar possíveis questionamentos da legitimidade do resultado das urnas. Caso seja derrotado, o presidente Jair Bolsonaro já fez sinalizações de que levantaria suspeitas de possíveis fraudes na votação.