Em meio ao flerte com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (recém-saído do PSDB e ainda sem partido), cotado para ser vice na chapa encabeçada pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem procurado ampliar a aproximação com outras figuras históricas do PSDB.
Na sexta-feira, ele se reuniu com o ex-ministro do governo Temer Aloysio Nunes Ferreira, que também foi candidato a vice na chapa tucana de Aécio Neves em 2014.
Segundo o ex-ministro, Lula tem buscado rivais antigos, mas que hoje se opõem ao governo de Jair Bolsonaro, para, ainda que não consiga apoio já na eleição, como deve acontecer no caso de Alckmin, construir pontes que o ajudem num eventual governo.
Cientes de que um apoio já na eleição, ou ao menos no primeiro turno, pode ser difícil, aliados do petista afirmam que a estratégia é importante para abrir diálogo e também preparar apoio para a eventualidade de o presidente Jair Bolsonaro questionar o resultado eleitoral se sair derrotado.
Antes de Aloysio, Lula já havia se encontrado, no ano passado, com o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, o ex-senador Arthur Virgílio (AM), o senador licenciado Tasso Jereissati (CE) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o colunista Lauro Jardim, o petista vai procurar FH para uma nova conversa. A assessoria de imprensa do Instituto FHC disse que, por ora, não há reunião agendada.
A ala do PSDB procurada por Lula não ocupa mais cargos na direção do partido e hoje tem bem menos influência nas decisões da legenda. Lula tem buscado nomes, como o de Tasso Jereissati, que não são aliados do pré-candidato tucano à presidência, o governador de São Paulo João Doria.
Não houve, porém, aceno a apoio a Lula no momento. Em entrevista publicada pelo jornal Valor, por exemplo, Tasso afirmou ver a pré-candidata do MDB, senadora Simone Tebet, como a presidenciável que tem mais condições de derrotar Bolsonaro e Lula.
Preocupado com os arroubos autoritários de Bolsonaro, Aloysio viu a iniciativa de Lula com bons olhos, uma vez que entende que o petista sempre defendeu a democracia. Segundo a colunista Bela Megale, Aloysio sinalizou que falaria com figuras importantes do seu partido para ajudar a unir Lula e Alckmin.
"É um movimento positivo para a política. Esse gesto indica uma derrubada de barreiras e uma convergência, uma disposição de fazer uma política mais ampla", disse Nunes, que continuou. "Ele disse que, se concorrer, e se for eleito, encontrará um país muito pior que encontrou na sucessão de Fernando Henrique Cardoso."