A poucos dias das prévias presidenciais, o PSDB enfrenta mais uma polêmica com o aplicativo de votação e ainda discute mudanças nas regras eleição interna como um eventual adiamento, ampliação do prazo de votação e a possibilidade de participação de suplentes. As primárias que vão escolher o candidato da sigla ao Palácio do Planalto em 2022 estão marcadas para o próximo domingo (21).
Em reunião nesta tarde, o partido busca um entendimento sobre as normas da disputa com as candidaturas dos governadores João Doria e Eduardo Leite, além do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.O principal motivo de desentendimento ainda é o aplicativo de votação, que sempre enfrentou desconfianças do grupo de Doria, já que foi desenvolvido por uma fundação ligada à Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No entanto, uma nova crise surgiu numa reunião na noite desta segunda-feira, quando viralizou um vídeo nas redes tucancas em que um vereador ensina como fraudar o sistema de votação pelo aplicativo. Na gravação, o parlamentar se passa por uma outra pessoa e sua participação é validada. Sob o impacto do vídeo, aliados de Leite, que sempre foram a favor do software, se mostraram surpresos com a fragilidade do sistema e chegaram a pedir o adiamento da disputa. Em seguida, as equipes de Doria e Virgílio fizeram uma nota conjunta repudiando tal possibilidade.
O clima azedou e Leite reagiu. Ele foi às redes sociais e negou a intenção de alterar a data da eleição interna. Depois, pessoas próximas ao governador do Rio Grande do Sul tentaram remediar e disseram que, se houve algum pedido de adiamento ocorreu no calor da reunião, mas não foi algo formal com o consentimento da campanha do candidato gaúcho.
Em nota, o PSDB diz que as falhas que aparecem no vídeo do vereador já forram corrigidas e que o sistema agora tem não só a dupla verificação via mensagem SMS, mas também um Itoken (um código gerado para cada participante), o que aumentaria a segurança.
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A sigla admite, porém, que o sistema tem riscos, mas ressalta que eles são "menores do que uma votação em cédula de papel". O partido também acrescenta que os votos de mandatários, que representam 75% do peso do colégio eleitoral, são menos suscetíveis a riscos de fraudes, já que eles passam por conferência individual realizada pelo Call Center do PSDB.Não passaria por esse filtro, porém, somente o grupo de filiados, cuja participação é de 25%.
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Pelas regras definidas para a disputa, os votantes foram divididos em quatro grupos. O vencedor precisa ter mais de 50% dos votos totais. O primeiro grupo é composto por filiados sem mandato. No segundo estão prefeitos e seus vices. Vereadores, deputados estaduais e distritais formam o terceiro grupamento, seguido por governadores e vices, senadores, deputados federais, presidente e ex-presidentes da executiva nacional, que foram o quarto e último grupo.
Pela norma das prévias, todos os grupos estarão aptos a votar pelo aplicativo. Os mandatários, porém, terão a opção de escolher seu candidato nas urnas eletrônicas num evento em Brasília. Existe, no entanto, uma discussão para que somente os filiados e vereadores possam votar pelo sistema e os demais tenham que fazê-lo apenas presencialmente na capital federal, o que também é motivo de discordância entre os candidatos.
Outro ponto é debatido a possibilidade de suplentes votarem. Inicialmente a previsão era de que os eleitos votassem, mas há um pleito do deputado Miguel Haddad, que é suplente e aliado de Doria. O grupo de Leite já tentou impugnar esse voto, mas ainda não há uma definição.
A parte às polêmicas que envolvem o aplicativo, um dos pontos pacificados é a ampliação do prazo de votação. Para não sobrecarregar o servidor que mantém o sistema no ar, a sigla avalia a possibilidade de a votação começar na sexta e terminar no domingo, diferentemente do que estava previsto na resolução das prévias, cujo horário é de meia noite às 15h de domingo. A medida também eficaz em caso de possíveis ataques hackers, já que haveria mais tempo para solucionar eventual problema.