Na tarde desta quinta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) divulgou uma nota na qual afirmou nunca ter tido "nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes". O texto do mandatário foi publicado após um almoço com o ex-presidente Michel Temer, que redigiu a carta .
Apesar do recuo, que ganhou repercussão nacional na tarde de hoje e despertou críticas de apoiadores do presidente , falas públicas de Bolsonaro mostram que os ataques contra os Poderes eram constantes — alguns deles, inclusive, recentes.
Durante os atos do 7 de Setembro, em discurso, Bolsonaro chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de "canalha", afirmando que não cumpriria as decisões dele. O mandatário também disse que Moraes deveria "se enquadrar" ou "pedir para sair" .
No mesmo dia, o chefe do Executivo afirmou que as eleições seriam uma "farsa" patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso — também alvo de constantes ataques do presidente —, além da defesa do voto impresso, proposta já rejeitada na Câmara dos Deputados .
No início de agosto, Bolsonaro foi filmado xingando Barroso enquanto conversava com apoiadores em Santa Catarina . "Filho da p***. Aquele filho da p*** do Barroso", disse ele. A cena foi transmitida ao vivo nas suas redes sociais e apagada instantes depois.
Antes disso, o mandatário também inventou mentiras sobre o ministro do TSE e disse que Barroso quer que meninas de 12 anos tenham relações sexuais . "Não ofendi nenhum ministro do Supremo, apenas falei da ficha do senhor Barroso. Defensor do terrorista Battisti, favorável ao aborto, à liberação das drogas, à redução da idade para estupro de vulnerável. Ele quer que nossas filhas e netas, com 12 anos, tenham relações sexuais. Por ele, sem problema nenhum", disse o presidente, comentando os assuntos fora de contexto.
No mesmo mês, o presidente do Supremo, Luiz Fux, anunciou o cancelamento da reunião entre os chefes dos Poderes — Executivo (presidente Jair Bolsonaro), Legislativo (Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado), além do próprio Fux (Judiciário). O motivo, de acordo com o ministro, foram os reiterados ataques de Bolsonaro ao processo eleitoral brasileiro, especialmente aos ministros Barroso e Moraes.
Ataques à CPI da Covid
Além das ofensas constantemente proferidas à cúpula da CPI da Covid no Senado — principalmente ao vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e ao relator Renan Calheiros (MDB-AL) —, Bolsonaro respondeu a um pedido feito pela Comissão dizendo "caguei", em julho .
A CPI havia solicitado que o mandatário se manifestasse sobre as denúncias feitas pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) sobre possíveis irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin .
"Hoje foi o Renan [Calheiros (MDB-AL)], o Omar [Aziz (PSD-AM)] e o saltitante, fizeram uma festa lá embaixo, na Presidência, entregando um documento para eu responder. Sabe qual a minha resposta, pessoal? Caguei", afirmou Bolsonaro durante transmissão ao vivo .
Em junho, o mandatário disse que sete senadores da Comissão eram "bandidos" . "Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui", em referência à ala majoritária da CPI.