Em audiência de custódia realizada neste sábado para verificar as condições da sua prisão , o presidente nacional do PTB e ex-deputado Roberto Jefferson fez ironias e relatou problemas de saúde. Sua defesa pediu a mudança para o regime domiciliar, mas o juiz instrutor Airton Vieira manteve Jefferson preso e argumentou que caberá ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes analisar o pedido.
Jefferson, aliado do presidente Jair Bolsonaro, foi preso ontem pela PF , após decisão do ministro Alexandre de Moraes , por ter realizado ameaças e ataques aos ministros da Corte e às instituições democráticas.
Questionado se havia sido bem tratado pelos policiais federais que cumpriram sua prisão, Jefferson afirmou que "não houve nenhum problema e não tenho nenhuma reclamação". Mas ironizou, de acordo com o registro na ata da audiência: "Só tive que aturar três flamenguistas na viagem, sendo eu botafoguense".
Ao responder às perguntas sobre suas condições de vida, Jefferson disse, segundo a ata: "Político, presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), não possui vícios, não bebe, não fuma, 'dou uma por semana quando Deus me ajuda', possui doenças crônicas, câncer, tendo sido internado mais de 20 vezes, e trata de infecção renal". Relatou também que tinha uma cirurgia no coração marcada para os próximos dias e que tinha R$ 6 mil em conta corrente.
Seu advogado, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, também citou que Jefferson tem problemas de saúde e, por isso, pediu que ele fosse para prisão domiciliar. Disse ainda que ele seria "jurado de morte" por facções criminosas e que estaria em risco de vida por estar preso. Mas a defesa não apresentou detalhes a respeito disso.
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O representante da Procuradoria-Geral da República (PGR) que participou da audiência por designação do procurador-geral Augusto Aras, o promotor de Justiça André Alisson Leal Teixeira, não se manifestou a respeito do mérito da prisão. Apenas perguntou a Jefferson se teria alguma queixa. O promotor não fez nenhum requerimento sobre a manutenção da prisão ou o pedido de prisão domiciliar.
A atuação da PGR no caso gerou atritos com o ministro Alexandre de Moraes, já que a PGR só respondeu ao pedido de prisão fora do prazo estipulado. A equipe de Aras se manifestou contra, alegando que Jefferson tinha "liberdade de expressão" para fazer os ataques ao Supremo e às instituições democráticas.
Ao final da audiência, o juiz Airton Vieira determinou o envio dos autos para o ministro Alexandre de Moraes apreciar o pedido. "Sigam os autos para o senhor ministro relator, para que possa apreciar a questão ora requerida, vale dizer, conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar do custodiado Roberto Jefferson", decidiu.