Nos últimos dias, a indicação da deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara tem gerado muita polêmica. Enquanto outros partidos se articulam para barrar a nomeação , ela disse confiar que o novo presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), irá cumprir com o compromisso de lhe entregar o comando do colegiado.
“Confio que o acordo firmado vai ser respeitado porque confio que o presidente Arthur Lira é um homem de palavra. Todo mundo fala que ele é, é a marca registrada dele, então eu confio”, disse Kicis , em entrevista ao Valor Econômico, relembrando o "aperto de mão" que selou a indicação e "pacificou" o PSL em torno da candidatura do "homem de Bolsonaro " na Câmara.
Confiando em um resultado positivo, a parlamentar já projetou algumas das pautas que pretende colocar em discussão na CCJ após ser eleita. Entre elas, a reforma administrativa e um projeto para tornar crime de responsabilidade as decisões monocráticas que avançam em competência do Legislativo por parte de ministros do STF.
“Esse projeto eu faço questão. Sou a favor de que o Parlamento tenha seu poder respeitado. Nunca ataquei o Supremo, mas não quero que me ataquem e usurpem a minha competência", afirmou Kicis , revelando ainda que pode abrir mão da proposta de aposentadoria de ministros do STF que atingirem 70 anos.
Na última quinta-feira (4), congressistas e alguns magistrados se posicionaram sobre o tema e indicaram que o nome de Kicis "perdeu forças" nos bastidores por conta da repercussão negativa. A avaliação é de que o tema ganhou proporções inesperadas e que as chances da deputada são remotas. Mais cedo, outro ministro definiu a situação como uma "declaração de guerra" ao STF .
As polêmicas surgiram principalmente pelo fato de a deputada já ter se envolvido em episódios de divulgação de fake news e por disseminar discurso de ódio nas redes sociais, além de apoiar atos antidemocráticos e ser crítica das medidas de segurança contra a pandemia da Covid-19 .
Ainda de acordo com a publicação do Valor, deputados tentam forçar o PSL a "derrubar" Kicis e escolher outro nome para o cargo, uma vez que o posto não pode ser assumido por um parlamentar de outra sigla. Entre os candidatos está Marcelo Freitas, mas tal nomeação poderia causar novo "racha" entre os apoaidores de Luciano Bivar, presidente do partido, e a ala bolsonarista.