O candidato à presidência da Câmara dos Deputados , Baleia Rossi (MDB-SP) , disse ao jornal Folha de S.Paulo que não houve promessas para colocar um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido) . Para o parlamentar, aprovar um pedido de destituição do presidente provocaria instabilidade no país.
“Não há nenhum compromisso, como muitos falam, de abertura de impeachment. É uma mentira. Nós precisamos, ainda mais neste momento em que a pandemia dá sinais de crescimento, de estabilidade”, afirmou Rossi ao jornal.
“Não é o caminho, não é bom para o Brasil. O impeachment é o extremo do extremo do extremo que está na nossa Constituição. A gente fala que a Câmara tem que ser independente, mas tem que ser harmônica”, concluiu.
A fala gerou críticas de partidos de esquerda. Em uma rede social, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann , disse que “fechar a possibilidade” de abertura do processo fará com que Baleia Rossi perca votos do partido.
“Dar resposta a crimes do Executivo é o item 3.6 do compromisso de Baleia Rossi com a oposição. Ao negar o que tratamos e fechar essa possibilidade, Baleia perderá votos no PT”, escreveu a deputada.
O PT é peça chave do candidato do MDB para as eleições da Câmara. A legenda possui o maior número de cadeiras (52 deputados), no entanto, há resistência de alguns parlamentares em apoiar Baleia Rossi.
Panos quentes
Após a declaração da presidente do PT, Baleia Rossi colocou panos quentes e afirmou que vai assumir os compromissos firmados com a oposição. Na publicação feita no Twitter , o deputado recuou e disse que irá “usar todos instrumentos constitucionais em defesa da democracia”, mas ressaltou que não é hora de “antecipar juízos”.
Na entrevista concedida à Folha, Rossi ainda afirmou ser necessária a discussão sobre o voto impresso, no entanto, contestou as falas de Jair Bolsonaro sobre fraudes em urnas eletrônicas .
O candidato do MDB está sofrendo com rejeições de deputados das legendas que o apoiam. Cerca de 30 parlamentares do PSL declaram apoio à Arthur Lira (PP-AL) e foram ameaçados de expulsão do partido caso votem a favor do candidato governista.