A crise sanitária provocada pela pandemia virou motivo de embate na disputa à presidência da Câmara dos Deputados. No lançamento de sua candidatura, na quarta-feira, Baleia Rossi (MDB-SP) sugeriu que o Congresso fosse convocado ainda este mês para votar medidas de enfrentamento ao coronavírus. Nesta sexta-feira, o emedebista reforçou o entendimento. Candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL) reagiu. Para ele, a intenção do adversário é apenas " uma demagogia " para ganhar votos.
Nesta sexta-feira (8), ambos os candidatos cumprem agenda fora de Brasília para angariar o apoio de deputados na eleição de fevereiro. Rossi tem compromissos em Teresina (PI), enquanto Lira está Cuiabá (MT). As atividades dos parlamentares foram interrompidas em 23 de dezembro para o recesso de fim de ano. Se não houver uma convocação extraordinária, os trabalhos só voltam no próximo mês.
"Conversei com os líderes da Câmara e com o presidente Rodrigo Maia para que façamos uma convocação do Congresso para aprovar medidas urgentes de enfrentamento ao coronavírus
. Já há um requerimento colhendo assinaturas para isso. Estamos prontos pro trabalho!", escreveu Baleia Rossi nas redes sociais.
Na quinta-feira, Rossi celebrou o anúncio da eficácia da Coronavc, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Sinovac. No lançamento de sua candidatura, também reforçou que uma das principais preocupações de sua candidatura é o imunizante " universal e gratuito ".
Em encontro com parlamentares em Cuiabá, Lira avisou que não aceitará a proposta de Rossi.
"Dizer que tem que ter convocação no recesso e às vésperas da eleição pra aprovar coisas sem termos nem orçamento é demagogia e irresponsabilidade e nós não vamos aceitar", disse Lira.
O Orçamento não foi votado em 2020 justamente pelas disputas políticas que envolvem a eleição para a presidência da Câmara. Nas redes sociais, o deputado do PP também criticou de forma indireta o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), principal aliado do emedebista.
"A Câmara dos Deputados não tem dono e a pauta do Brasil não pode ser feita por um homem só
. Todos os projetos que interessam ao Brasil serão pautados", escreveu Lira.
Desde que começou a fazer a campanha para a sucessão de Maia, Lira tem atacado o que chama "centralismo" nas decisões do comando da Câmara. Ele diz que ouvirá todos os parlamentares, sem impor vetos a qualquer agenda de interesse do parlamento.