A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) aceitou nesta quinta-feira (3) o segundo pedido de impeachment contra o governador do estado, Carlos Moisés (PSL), e a vice, Daniela Reinerh (sem partido). Fragilizados no Legislativo local, ambos têm buscado com aliados em Brasília apoio para permanecerem no cargo.
O novo processo trata da compra de 200 respiradores por R$ 33 milhões — o valor foi pago antecipadamente — e da tentativa de contratação de um hospital de campanha em Itajaí. Os fatos estão sendo investigados pelo Ministério Público do estado. O outro pedido em andamento diz respeito ao aumento salarial dado a procuradores do estado por meio de uma decisão administrativa.
Na sessão da quinta-feira, a Procuradoria da Assembleia apresentou um parecer favorável ao seguimento do processo. O próximo passo é a formação de uma comissão especial.
O procedimento anterior foi aberto no fim de julho. A acusação é de crime de responsabilidade em função do reajuste salarial aos procuradores. Os vencimentos passaram de R$ 33 mil para R$ 38 mil. Neste caso, a comissão deve votar o relatório até o próximo dia 15.
Rompido com Bolsonaro, o governador recorreu ao presidente do PSL, deputado federal Luciano Bivar (PE). Ele também conta com o deputado federal Fábio Schiochet (PSL-SC), da chamada “ala bivarista” da sigla. Além do diálogo com lideranças na Assembleia, Schiochet se tornou uma espécie de “secretário informal” de Moisés, numa tentativa de ampliar a base do governador na Alesc. O MDB, maior bancada da Casa, com nove deputados, deve fechar questão pelo impeachment. O PL, com quatro, também pode tomar o mesmo caminho.
Já a movimentação favorável a Daniela é liderada pelos deputados federais Caroline de Toni (PSL-SC), Carla Zambelli (PSL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A estratégia jurídica é coordenada pela advogada Karina Kufa, que atua em processos eleitorais do presidente Jair Bolsonaro.
A defesa de Moisés disse que ainda não recebeu o novo pedido. A defesa de Daniela disse que vai se manifestar quando tiver acesso à acusação.