Desde a última quarta-feira (3), quem acompanha as divulgações do Ministério da Saúde sobre os dados da Covid-19 no Brasil notou uma mudança no horário em que as informações eram apresentadas. No primeiro dia, problemas técnicos foram alegados para o atraso . Porém, não houve qualquer explicação na quinta-feira, data em que novo recorde de mortes foi registrado , e o horário das 22h se manteve. Nesta sexta, um porta-voz do governo explicou que a mudança faz parte de uma estratégia do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo informações do jornal Correio Braziliense, uma fonte do alto escalão do governo revelou que o "atraso" aconteceu por ordem de Bolsonaro e o novo horário deve ser permanente. Tudo para dificultar o trabalho dos telejornais noturnos, grupo do qual o Jornal Nacional, da Rede Globo, faz parte.
Ainda de acordo com a publicação, a intenção de atrasar a divulgação dos boletins epidemiológicos sobre o novo coronavírus (Sars-Cov-2) existem desde os tempos de Luiz Henrique Mandetta no comando da pasta da Saúde, mas o ministro sempre se recusou a aceitar tal decisão, alegando que ela poderia gerar impacto negativo no combate ao vírus.
Ao longo dos últimos meses, o ministério teve três titulares diferentes e cada um realizava a divulgação dos dados em um horário diferente. Com Mandetta, os boletins eram divulgados por volta das 17h, quando ocorriam as coletivas de imprensa que eram realizadas diariamente. Já com Nelson Teich, que ficou menos de um mês no cargo , o horário passou a ser 19h.
Nesta quinta-feira, a pasta confirmou um recorde de 1.472 novas mortes, o que elevou o total no Brasil a 34.021, fazendo o país ultrapassar a Itália em número de óbitos por Covid-19 . Além disso, foram registrados mais 30.925 casos, totalizando 614.941 infectados no país.