Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel
Rogério Santana
Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel

O governador Wilson Witzel defendeu-se, na noite desta terça-feira (26), das acusações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Superior Tribunal Federal (STF), que resultaram na autorização de busca e apreensão da Polícia Federal em seus endereços durante a manhã, na Operação Placebo.

Em declarações feitas à CNN Brasil e em suas redes sociais, Witzel negou interferência no trabalho de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel, falou em manipulação por parte do MPF e fez críticas diretas ao senador Flávio Bolsonaro (REPUBLICANOS), filho do presidente, a quem desafiou que abra os sigilos bancários e telefônicos e citou Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.

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"Senador Flávio Bolsonaro, o senhor, que some com o Queiroz e foge da Justiça, faça como eu: abra seus sigilos bancário e telefônico e deixe que investiguem sua rachadinha e da sua família. Meu sigilo está à disposição da Justiça. Aguardo o seu. Quem não deve não teme" desafiou o governador no Twitter. Até a publicação desta reportagem, o senador não havia respondido ainda à provocação feita diretamente a ele através de menção na rede social. Mais cedo, nesta terça, o filho do presidente já havia rebatido críticas feitas pelo governador do Rio, chamando-o de 'louco', e afirmando não ter feito nada de errado.

Pouco antes, no início da noite, em entrevista à CNN, Witzel comentou sobre as investigações, que miram, além dele, sua esposa, o ex-secretário de Saúde Edmar Santos e o ex-subsecretário Gabriell Neves, que está preso. Sobre as suspeitas de envolvimento de Helena Witzel num esquema para receber dinheiro indevido, pago por fornecedores com interesse em fraudar contratos firmados com o estado, Witzel afirmou que não interfere no trabalho da primeira-dama, e que detalhes foram omitidos a ela.

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"No trabalho de advocacia que a minha mulher exerce eu não tenho a menor participação. Não sei quais são os clientes dela, quais processos ela atua... como governador, eu não interfiro na advocacia dela. Em relação às atividades dela como advogada, eu recomendei que qualquer cliente que ela venha a ter, e não são muitos, ela exerce uma advocacia modesta, que ela tivesse o cuidado de pedir uma declaração dos clientes de que eles não têm nada com o estado, pois poderia gerar algum tipo de constrangimento ou situação como essa que está acontecendo agora, que foi completamente omitida dela que essa empresa teria algum tipo de relação com empresários citados em toda essa investigação", afirmou.

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O governador também falou em "manipulações" que estariam sendo feitas pelo Ministério Público ao STF, e que em seus tempos de juiz federal, testemunhou situações parecidas que "induzem ao erro".

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" (Na denúncia) O fato de eu ter divulgado em minha conta do Twitter me coloca como alguém que tem uma participação ativa e conhecimento das contratações realizadas. Quer dizer... uma ilação que induz o ministro (Benedito Gonçalves, do STJ) e que, nessa busca e apreensão, não achou nada, porque eu tenho relação de telefonemas, e-mail, que eu já coloquei à disposição da Justiça. Entreguei meus celulares, computadores, abro mão do meu sigilo telemático... não vão encontrar absolutamente nada. O que eu quero é apenas que o poder Judiciário esteja atento às manipulações que estão sendo feitas por parte do Ministério Público. Eu como juiz já me deparei várias vezes com narrativas do Ministério Público que são muitas vezes jornalísticas e induzem ao erro o juiz numa tomada de decisão inicial", disse à CNN. Procurado pela reportagem, o MPF ainda não comentou a declaração.

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Sobre a suspeita de irregularidades na compra de respiradores para hospitais de campanha no Rio, que também é investigada, Witzel reiterou que nada está provado:

"Não houve nenhum tipo de corrupção no ano passado, e este ano ainda não está provada nenhum tipo de corrupção na área da Saúde. Por enquanto, está sendo investigado se o fato que aconteceu foi um ato de corrupção ou foi uma irregularidade. Ainda não há nada provado e tudo que está aqui é muito frágil". Por fim, o governador voltou a criticar Flávio Bolsonaro.

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"O senador Flávio Bolsonaro diz que vai ter uma tsunami aqui no Rio de Janeiro. Ele precisa explicar a tsunami na vida dele. Ele hoje quer me ver longe do governo do estado do Rio de Janeiro, porque comigo aqui o Ministério Público não vai ter interferência, não vai ter interferência no judiciário, na Polícia Civil... mas, agora, a Polícia Federal, e deixo aqui meu respeito à grande maioria dos policiais federais, tem um inquérito que estava arquivado e envolve lavagem de dinheiro, caixa dois, organização criminosa, da eleição dele, Flávio Bolsonaro, e esse inquérito foi reaberto diante das declarações pelo senhor Paulo Marinho (empresário, que prestou depoimento ao STF sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF) , de que agora vão começar novamente a revirar a vida dele", disse, em trecho de entrevista ao canal.

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