O agora ex-ministro Sérgio Moro apresentou ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite de hoje, 24, provas que rebatem afirmações de Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à um possível pedido de nomeação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele apresentou mensagens trocadas com a deputada federal Carla Zambelli (PSL), que foi quem citou a possível nomeação para que, em troca, Moro aceitasse a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo .
Bolsonaro realizou um pronunciamento às 17h de hoje. Entre as afirmações, ele disse que Moro aceitaria a troca de Valeixo por Alexandre Ramagem , atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No entanto, seria melhor esperar até novembro, para garantir que Moro fosse nomeado pelo presidente à cargo no STF.
No entanto, as mensagens trocadas com Zambelli na última quinta-feira, 23, provam que ideia surgiu da própria deputada, que prometeu apoiá-lo caso aceitasse Ramagem como novo diretor-geral da PF.
A primeira mensagem veio da deputada. “Por favor, ministro, aceite o Ramage (sic)”, em referência a Ramagem. Ela então continua, e cita pela primeira vez que pode apoiar nomeação de Moro ao STF. “E vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar, a fazer o JB [iniciais do presidente Jair Bolsonaro] prometer”, afirma.
O ex-ministro Sérgio Moro, então, responde: “Prezada, não estou à venda”.
Zambelli volta a insistir. “Ministro, por favor… milhões de brasileiros vão se desfazer”, ela afirma. Depois, ela responde diretamente à fala anterior de Moro. “Eu sei. Por Deus eu sei. Se existe alguém no Brasil que não está a verba é o senhor”, diz a deputada. “A verba” seria um erro de digitação para “à venda”.
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Moro , então, finaliza. “Vamos aguardar, já há pessoas conversando lá”, diz, fazendo referência a aliados que estariam tentando convencer Bolsonaro a voltar atrás na exoneração de Valeixo.
Procurada pelo Jornal Nacional, a deputada federal Carla Zambelli disse que não comentaria a troca de mensagens. No entanto, no período da tarde, ela lamentou a demissão de Moro no Twitter, mas, mais tarde declarou apoio ao presidente Bolsonaro .
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Desdobramentos da demissão
Na última quinta-feira, 23, o presidente Jair Bolsonaro exonerou Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. No entanto, a exoneração de Valeixo foi feita sem o aval de Moro, que só soube do caso pelo Diário Oficial. Desde então, houve especulações de que Sérgio Moro pediria demissão do cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública.
Mesmo sem conhecimento, a assinatura de Moro teria sido adulterada e estaria presente no documento da exoneração de Valeixo.
Na manhã de hoje, 24, Sérgio Moro convocou uma coletiva de imprensa às 11h, em que seu pedido de demissão foi confirmado pelo ex-juiz . Ele explicou que procurou o presidente Jair Bolsonaro, que o explicou que gostaria de ter alguém na PF para quem ele pudesse “ligar” e com quem ele pudesse receber informações sobre operações.
Apesar de Valeixo ter sido indicado como nome de confiança por Moro, o agora ex-ministro afirmou que a troca em si não seria o problema, mas o motivo da troca. Ele afirma que o presidente não apontou motivos válidos para o afastamento do diretor da PF. Moro afirmou ainda que não tinha autonomia para trabalhar e que “carta branca” prometida não foi cumprida.
Em pronunciamento, Bolsonaro diz ter ficado surpreso com saída de Moro
. “Sempre abri meu coração pra ele, já ele tenho dúvidas se abria o coração para mim”, disse. Ele também afirmou que não se submeteria aos ministros, já que tem autoridade máxima no país.