Lula e sua esposa, Marisa Letícia
Divulgação/Facebook/Lula
Lula e sua esposa, Marisa Letícia

Procuradores da Lava Jato ironizaram e chegaram a duvidar das circunstâncias da  morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia em janeiro de 2017. Os membros da força-tarefa também discutiram a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao enterro do irmão, Vavá. É o que mostra mais um vazamento de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil e publicadas pelo UOL nesta terça-feira (27). 

No dia 24 de janeiro de 2017, Marisa sofreu um AVC hemorrágico e foi internada no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como um vegetal", diz Deltan Dallagnol a um grupo de procuradores no Telegram. "Estão eliminando as testemunhas...", responde Januário Paludo. 

Em 3 de fevereiro, os procuradores são informados sobre a morte da ex-primeira-dama. "Quem for a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização", ironiza Laura Tessler.

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No dia seguinte, a procuradora Thaméa Danelon, da Lava Jato de São Paulo, critica a presença da procuradora Eugênia Augusta Gonzaga no velório de Marisa. "É como um colega ir ai enterro da esposa do líder de uma facção do PCC. No mínimo inapropriado", compara. 

Em outro grupo, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima compartilha uma entrevista de Lula à  Folha de S.Paulo , em que ele afirma que o quadro da esposa havia piorado após busca e apreensão na casa dela e que "Marisa morreu por conta do que fizeram com ela e com os filhos". 

Laura Tessler, por sua vez, volta a comentar o ocorrido. "Ridículo... Uma carne mais salgada já seria suficiente para subir a pressão... ou a descoberta de um dos milhares de humilhantes pulos de cerca do Lula", afirma. "Só falta dizer que a Lava Jato implantou 10 anos atrás um aneurisma na cabeça da mulher". 

Januário Paludo chega a duvidar das circunstâncias da morte da ex-primeira-dama. "Sempre tive uma pulga atrás da orelha com esse aneurisma. Não me cheirou bem", afirmou. Algum tempo depois, o procurador Antônio Carlos Welter diz que "não soaria bem" a Lava Jato comentar o ocorrido. "A morte da Marisa fez uma mártir petista e ainda liberou ele pra gandaia sem culpa ou consequência política", diz. 

Morte do irmão e neto de Lula

Em 29 de janeiro deste ano, os procuradores discutiram sobre a ida de Lula para o enterro do irmão, Vavá, e afirmaram que a saída do ex-presidente seria um "tumulto imenso". "Mas se não for, vai ser uma gritaria. e um prato cheio para o caso da ONU [Organização das Nações Unidas]", rebate o procurador Athayde Ribeiro Costa. 

"Eu acho que tem que deixar o cara sair. Eh muito grave vc não poder enterrar um irmão", diz Diogo Castor. O procurador Antônio Carlos Welter concorda e recebe resposta de Januário: "O safado só queria passear e o Welter com pena".

A procuradora Jerusa Viecilli, porém, demonstra preocupação caso o pedido de saída seja negado "Vamos apanhar muito por causa disso". "O foco ta em Brumadinho...logo passa...muito mimimi", responde Laura Tessler. 

No dia 1º de março, os procuradores foram informados sobre a morte do neto de Lula , Arthur, de 7 anos. "Putz... no meio do carnaval", diz Athayde. Dessa vez, o ex-presidente conseguiu ir ao sepultamento.

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Na ocasião, o petista afirmou que Arthur havia sofrido bullying na escola por ser seu neto e prometeu provar que era inocente, o que fez Monique Cheker, procuradora no Rio de Janeiro, voltar a comentar o caso. "Fez discurso político (travestido de despedida) em pleno enterro do neto, gastos públicos altíssimos para o translado, reclamação do policial que fez a escolta... vão vendo", disse. 

Procurados pelo UOL , os procuradores da Lava Jato não quiseram se manifestar.

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