Sergio Moro fez visita técnica ao Arquivo Nacional, no Centro do Rio, e depois passou duas horas na sede da PF em compromisso fora da agenda oficial
Tânia Rêgo/Agência Brasil - 26.8.19
Sergio Moro fez visita técnica ao Arquivo Nacional, no Centro do Rio, e depois passou duas horas na sede da PF em compromisso fora da agenda oficial

O ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro visitou na tarde desta segunda-feira (26) a superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro. A visita de Moro ocorre em meio à escalada de declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o controle da instituição, a nível nacional e estadual.

Após dizer, no último dia 16, que "manda" na PF, o presidente voltou a subir o tom na última semana, ao afirmar que  mudaria o diretor-geral da PF caso não pudesse trocar um superintendente — referindo-se ao atrito gerado pela ordem para a substituição de Ricardo Saadi, responsável pelo órgão no Rio. Após indicar Moro para o Ministério da Justiça, no fim de 2018,  Bolsonaro chegou a dizer que o ministro teria "carta branca" para gerir a PF.

Moro cumpriu agenda reservada na superintendência da PF, na zona portuária do Rio, e chegou e saiu do local sem falar com os jornalistas. O ministro apareceu por volta das 12h30m, após fazer uma visita técnica ao Arquivo Nacional, no Centro do Rio, pela manhã. Após passar cerca de duas horas na PF , o ministro deve retornar a Brasília ainda nesta segunda-feira.

As duas visitas não constavam na agenda oficial de Moro, divulgada no site do Ministério da Justiça. No Arquivo Nacional, Moro circulou por áreas internas e conferiu documentos raros que integram o acervo da instituição, como o original da Lei Áurea e o juramento de D. Pedro I à Constituição de 1824.

Já o itinerário da visita de Moro à Polícia Federal não foi informado à imprensa. O ministro apareceu rapidamente no saguão de entrada da PF ao fim da visita mas, assim como havia feito no Arquivo Nacional, apenas acenou aos jornalistas e disse que não faria declarações.

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Acúmulo

As declarações de Bolsonaro sobre o comando da PF se somaram a atritos recentes entre o presidente e o ministro da Justiça. Bolsonaro teria se irritado ao saber que Moro, no fim de julho, pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli que reconsiderasse sua decisão de suspender investigações em andamento que tivessem utilizado dados do Conselho de Controle de Operações Financeiras (Coaf).

Toffoli suspendeu as investigações  a partir de um pedido apresentado pela defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente da República.

Em nota, as câmaras Criminal e de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal (MPF) alertaram que a decisão de Toffoli poderia representar um "profundo retrocesso" nas investigações em curso.

Além disso, a transferência do Coaf para o guarda-chuva do Banco Central acendeu o alerta em relação a compromissos internacionais do Brasil no combate à lavagem de dinheiro e levou à substituição do presidente do órgão, Roberto Leonel, que havia sido indicado por Moro.

No domingo, manifestantes que foram às ruas em 21 estados e no Distrito Federal expressaram, entre outras pautas, o apoio à Operação Lava Jato e a Moro . O ministro da Justiça foi perguntado sobre as manifestações ao cruzar com jornalistas nesta segunda-feira, no Arquivo Nacional do Rio, mas não quis se pronunciar.

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