Walter Delgatti Neto, um dos quatro supostos hackers presos na terça-feira (23) por suspeita de invasão ao aplicativo Telegram de autoridades, disse em depoimento à Polícia Federal que entrou em contato com o jornalista Glenn Greenwald após conseguir seu número por intermédio de Manuela D'Ávila (PCdoB).
De acordo com a Globonews , que obteve acesso ao depoimento prestado pelo hacker conhecido como 'Vermelho', o suspeito chegou a encaminhar áudios de procuradores da Lava Jato a Manuela D'Ávila para comprovar o hackeamento. Candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2018. A política se manifestou através do Twitter, confirmando que passou o número de telefone de Glenn ao hacker e que o mesmo lhe disse que não estaria interessado em dinheiro.
"Desconheço a identidade de quem invadiu meu celular e, desde já, me coloco à disposição para auxiliar nos esclarecimentos dos fatos em apuração", disse a ex-deputada em nota.
Ainda segundo Walter, foi após o contato com a então deputada estadual pelo Rio Grande do Sul que Glenn Greenwald
o procurou, dizendo que as informações que ele detinha eram de interesse público. Glenn é o jornalista responsável pelo site The Intercept Brasil
, que publicou uma série de reportagens desde o dia 9 do mês passado a respeito das conversas mantidas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, dentre eles o coordenador da Operação, Deltan Dallagnol.
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Em seu novo depoimento à Polícia Federal, Walter também explicou como chegou ao telefone de autoridades. Ele relatou que chegou a nomes como o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot a partir da agenda do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP).
Foi quando chegou ao telefone de Deltan que o 'Vermelho' teve acesso aos contatos de Sergio Moro , do desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), Abel Gomes, e do juiz federal Flávio Lucas, da 18ª Vara Federal do Rio.
É justamente a tentativa de invasão ao Telegram desse trio, bem como dos delegados da PF Rafael Fernandes (de São Paulo) e Flávio Vieitez (de Campinas), que motivou a prisão de Walter e de mais três suspeitos investigados na Operação Spoofing .
De acordo com a PF, já foram identificados cerca de mil números de potenciais vítimas do grupo que atuava no interior de São Paulo. Dentre elas estão, além dos já citados, nomes como o dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP); da procuradora-geral da República, Raquel Dodge; do ministro da Economia, Paulo Guedes; e do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.