Após retornar de viagem ao Chile, Jair Bolsonaro (PSL) recebeu, na manhã deste domingo (24), o deputado Major Vitor Hugo (PSL) no Palácio da Alvorada para conversar sobre a articulação política para viabilizar a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. O encontro durou menos de uma hora e não estava previsto na agenda oficial de Bolsonaro.
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"[Eu e Bolsonaro ] Tratamos sobre sobre a próxima semana, sobre como retomar os trabalhos pra aprovação da nova Previdência, sobre a questão do votos na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça]. Conversamos sobre a articulação a respeito do trabalho do Felipe Francischini [presidente da CCJ] e do Onyx [Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil]", comentou o parlamentar, que também é líder do governo na Câmara.
Major ainda prometeu intensificar as conversas com as bancadas para esclarecer os pontos da reforma da Previdência. "Nós vamos continuar conversando com parlamentares, com líderes. Já conversei com Rogério Marinho [secretário especial de Previdência e Trabalho] a respeito de prosseguir nas bancadas para poder explicar um pouquinho mais sobre a reforma da Previdência, e a gente vai continuar com esse trabalho", completou.
Questionado, o líder do governo na Câmara ainda disse que não conversou sobre um possível encontro entre o Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que trocaram farpas nos últimos dias. O deputado do PSL, porém, insinuou que os dois devem tentar "fazer as pazes": "A semana passada foi uma semana muito tensa e agora a gente vai caminhar para uma aproximação", disse.
Linha do tempo: Bolsonaro x Maia
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Sexta-feira (22)
As discussões entre o presidente e o deputado começaram quando Maia foi criticado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC) nas redes sociais. Na publicação, Carlos comentou um outro embate, entre Maia e o ministro da Justiça, Sergio Moro , e se posicionou ao lado do ex-juiz, criticando a decisão do deputado de priorizar a Previdência em detrimento do pacote anticrime.
A decisão de Maia, no entanto, dizia respeito a uma combinação feita com o próprio presidente da República. Jair Bolsonaro havia solicitado a Maia que priorizasse tramitação da reforma da Previdência sobre qualquer outro tema. No entanto, diante das críticas do filho de Bolsonaro, o presidente da Câmara se irritou.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo , Maia disse ao ministro da Economia, Paulo Guedes , que, se é para ser atacado nas redes sociais por filhos e aliados de Bolsonaro, o governo não precisa de sua ajuda. Em entrevista ao jornal O Globo , Maia sinalizou que iria esperar o Planalto tomar as rédeas da articulação.
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Desde então, Bolsonaro e Maia não pararam de discutir. Ainda na sexta (22), do Chile, o presidente afirmou que " não deu motivos para Maia sair " e que queria conversar com o presidente da Câmara. Mais tarde, ainda magoado, Maia disse que o presidente precisava se engajar mais para cuidar da Previdência , em detrimento do seu conhecido engajamento nas redes sociais.
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Sábado (23)
No dia seguinte (23), o deputado fez um novo comentário sobre o assunto, retomando a discussão. "É importante que o governo acerte na articulação. E ele não pode terceirizar a articulação como ele estava fazendo . Quer dizer, transfere para o presidente da Câmara e para o presidente do Senado uma responsabilidade que é dele", disse.
Após ser informado sobre a declaração de Maia, Bolsonaro perguntou o que esperavam que ele fizesse. "O que é articulação? O que está faltando eu fazer? O que foi feito no passado? Eu não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes, pode ter certeza disso", disse o presidente, em referência aos ex-presidentes Lula (PT) e Michel Temer (MDB), ambos presos.
"A bola está com ele [Maia]. Eu já fiz a minha parte. Entreguei. E o compromisso dele, regimental, é despachar e o projeto andar dentro da Câmara. Nada falei contra Rodrigo Maia, muito pelo contrário. Estou achando que está havendo um tremendo mal-entendido. O Brasil é maior do que todos nós", finalizou.
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Maia, claro, não deixou por isso mesmo. "Eu vivo num país democrático e eu falo o que acredito. Sem nenhum tipo de agressão a ninguém, né? Até porque eu não uso as redes sociais para agredir ninguém", alfinetou. "Assim tenho me portado desde que assumi meu primeiro mandato de deputado federal e na Presidência da Câmara ", completou o deputado.