Tomaram posse nesta terça-feira (1ª) o novo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e seu vice, o general Hamilton Mourão (PRTB). A cerimônia de posse de Bolsonaro foi realizada sob o mais forte esquema de segurança já praticado em Brasília, que recebeu autoridades internacionais e milhares de apoiadores do vencedor das eleições presidenciais de 2018. De acordo com o Gabinete de Segurança Instituticional (GSI), cerca de 115 mil pessoas foram à Praça dos Três Poderes – número abaixo das estimativas iniciais, que iam de 250 mil a 500 mil.
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Aos 63 anos de idade, Jair Messias Bolsonaro prometeu em seu primeiro discurso como presidente empossado que irá "proteger a democracia" e "construir uma sociedade sem discriminação e divisão". "Uma de minhas prioridades será proteger a democracia brasileira", disse o presidente em sessão solene na Câmara dos Deputados , primeira parada da cerimônia de posse de Bolsonaro . "A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a ruptura de práticas nefastas", continuou.
"Hoje, começamos um trabalho árduo para que o Brasil inicie um novo capítulo de sua história. Trabalharei incansavelmente para que o Brasil se encontre com o seu destino e se torne a grande nação que todos queremos", afirmou Bolsonaro. "Reafirmo o meu compromisso de construir uma sociedade sem discriminação ou divisão."
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Posse de Bolsonaro tem desfile em carro aberto
As primeiras declarações de Bolsonaro como presidente da República se deram momentos após ele e a nova primeira-dama, Michelle Bolsonaro , desfilarem em carro aberto no trajeto entre a Catedral Metropolitana de Brasília e o Congresso.
O tradicional desfile no Rolls-Royce presidencial (que transportou também um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro) era dúvida até o momento da cerimônia devido aos fortes temores com a segurança do presidente eleito – intensificados pelo ataque a faca sofrido por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), em setembro.
O atentado foi lembrado pelo próprio Bolsonaro em seu discurso no Congresso, iniciado às 15h20 da tarde e que durou cerca de 10 minutos. "Quero agradecer a Deus por estar vivo. Que, pelas mãos de profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora, operaram um verdadeiro milagre", afirmou. "Quando os inimigos da pátria, da ordem e da liberdade tentaram por fim à minha vida, milhões de brasileiros foram às ruas. Uma campanha eleitoral tornou-se espontânea, forte e indestrutível e nos trouxe até aqui."
Após o rito no Congresso, Bolsonaro seguiu para o Palácio do Planalto, onde foi executado o Hino Nacional e realizadas a revista às tropas, a salva de 21 tiros e uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça. No Planalto, o novo presidente subiu a rampa e foi acompanhado por Michel Temer (MDB) para o parlatório, onde o emedebista fez a passagem da faixa presidencial.
Bolsonaro ataca o "politicamente correto"
Diante de seus apoiadores, o discurso do capitão da reserva foi menos conciliador que aquele apresentado aos congressistas. "Me coloco diante de toda a nação nesse dia como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, se libertar da inversão de valores , do gigantismo de estatal e do politicamente correto", bradou.
Saudado aos gritos de "mito" e de "o capitão voltou", Bolsonaro agitou uma bandeira do Brasil e repetiu bravata popular entre seus apoiadores e adeptos do antipetismo: "Esta é a nossa bandeira, que jamais será vermelha", disse. "Só será vermelha se for preciso o nosso sangue para mantê-la verde e amarela", emendou.
O discurso de Bolsonaro no Palácio do Planalto foi antecedido por uma etapa que não estava no roteiro oficial da cerimônia de posse: um discurso em libras da primeira-dama, Michelle Bolsonaro . Com a ajuda de uma intérprete, que traduziu seus gestos em voz, Michelle se dirigiu diretamente à comunidade surda do Brasil.
"Gostaria de me dirigir a todos aqueles que se sentem esquecidos: vocês serão valorizados e terão seus direitos respeitados. Tenho esse chamado no meu coração", declarou a primeira-dama que também atendeu aos gritos da multidão e, mais uma vez, quebrou o protocolo ao beijar o marido em pleno parlatório.
Autoridades internacionais marcaram presença na posse
Ainda no Planalto, Bolsonaro recebeu os cumprimentos de chefes de Estado e autoridades internacionais que vieram para o evento, como o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e os presidentes do Chile (Sebastián Piñera), da Bolívia (Evo Morales), do Uruguai (Tabaré Vázquez), e de Portugal (Marcelo Rebelo de Sousa).
Também desembarcam na capital federal o vice-presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular (Parlamento chinês), Ji Bingxuan, representante da China, o chanceler da Argentina, Jorge Faurie e o presidente da Duma, Câmara dos Deputados da Rússia, Vyacheslav Volodin.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não veio à cerimônia, mas enviou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e publicou mensagem parabenizando o novo presidente brasileiro em suas redes sociais. "Parabéns ao presidente Jair Bolsonaro, que fez um ótimo discurso inaugural. Os EUA estão com você", escreveu Trump.
Quem não marcou presença na cerimônia e nem escreveu mensagem de felicitações foram os parlamentares do PT e do PSOL, que haviam anunciado boicote ao evento em protesto contra Bolsonaro.
Após o rito com as autoridades internacionais, Bolsonaro participou da diplomação de seu corpo ministerial, formado por 22 integrantes , e posou para a fotografia oficial da equipe de governo. A etapa foi cumprida às 18h20 e, após isso, já às 19h10, o presidente seguiu para um coquetel no Itamaraty, última parada do dia festivo para o capitão reformado.
Posse de Bolsonaro teve esquema de segurança reforçado
A cerimônia de posse de Bolsonaro contou com esquema de segurança máxima formulado em conjunto pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pelo Exército, pela Força Nacional e pelas autoridades de segurança do Distrito Federal. Mais de 2,6 mil policiais militares trabalharam na área em que se realizam os atos da posse presidencial.
Os trabalhos foram coordenados pelo futuro ministro do GSI, general Augusto Heleno, junto à Polícia Federal. O esquema contou com bloqueadores de sinal de telefones celulares e de drones para reforçar a segurança de Jair e de Michelle Bolsonaro durante o trajeto pela Esplanada dos Ministérios.
As pessoas que foram acompanhar a posse presidencial in loco precisaram passar por pontos de revista e objetos como carrinhos de bebê, mochilas, guarda-chuvas e drones foram proibidos no perímetro do evento. Atiradores de elite foram posicionados em pontos estratégicos e caças da Força Aérea Brasileira (FAB) tiveram autorização para abater aeronaves "hostis".
Apesar de toda a preocupação, não houve incidentes durante a cerimônia de posse de Bolsonaro . De acordo com as autoridades, as maiores emoções ficaram por conta de 27 atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros a pessoas que passaram mal devido ao calor e à grande aglomeração de pessoas em Brasília.