O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD), disse estar "tranquilo" e que "não há nada que macule sua imagem" após seu apartamento no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, ser alvo do cumprimento de mandados de busca e apreensão por agentes da Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (19).
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Em nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa, Gilberto Kassab afirmou que "confia na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa" e "sabe que as pessoas que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário". Além disso, o comunicado "reforça que [Kassab] está sempre à disposição para quaisquer esclarecimento que se façam necessários, ressalta que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público".
Os policiais chegaram ao apartamento de Kassab por volta das 6h, mas não conseguiram cumprir o mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a pedido da procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, de imediato já que o apartamento estava fechado. Antes das 7h, no entanto, o advogado de Kassab chegou ao local e acompanhou a ação dos policiais até por volta das 10h.
O ministro, no entanto, está em Brasília e não acompanhou a ação dos policiais. De lá, por telefone, ele afirmou ao G1 que "ao longo de todos esses anos de vida pública não há nada que me comprometa no campo da imoralidade. Estou tranquilo porque sempre respeitei os princípios da ética. Estou à disposição do Ministério Público e do Poder Judiciário. Não há nada que macule minha imagem".
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O objetivo da ação da Polícia Federal desta quarta-feira (19) que, além do apartamento de Kassab, cumpriu outros sete mandados de busca e apreensão na capital paulista, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e em Natal, no Rio Grande do Norte, incluindo o apartamento do irmão do ministro, Renato Kassab, teve como objetivo apreender documentos que pudessem comprovar as alegações feitas pelos delatores da J&F, Wesley Batista e Ricardo Saude, ao Ministério Público.
Em delação, os executivos da J&F afirmaram que Kassab recebeu R$ 30 milhões através de mesadas de R$ 350 mil pagas entre 2010 e 2016, em troca do "poder de influência do ministro 'em eventual demanda futura de interesses do referido grupo'", segundo o inquérito da PGR. Para viabilizar os repasses, a J&F fez contratos de prestação de serviço fictícios, como alugueis de caminhões, com as empresas Yape Transportes e Yape Consultoria, ambas ligadas à Kassab, que, por sua vez, teriam emitido notas fiscais falsas.
Outros R$ 28 milhões, no entanto, foram pagos ao PSD, partido de Gilberto Kassab, em troca do apoio do partido à reeleição da ex-presidente Dilmar Rousseff (PT), em 2014. Esse pagamento teria sido realizado por meio de notas fiscais falsas e doações às campanhas de vários candidatos do partido entre eles um candidato a deputado federal e outro ao governo do Rio Grande do Norte, ambos eleitos naquele estado. Os nomes desses envolvidos não foram divulgados, mas se sabe que Robinson Faria (PSD) foi eleito governador no estado potiguar nas mesmas eleições de 2014.
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Diante disso, o ex-prefeito de São Paulo é suspeito de ter cometido crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral. Escolhido pelo governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), para ser o futuro secretário estadual da Casa Civil , Gilberto Kassab é considerado um dos homens forte do futuro governo e será o articulador político do Palácio dos Bandeirantes com os deputados da nova Assembleia Legislativa, diplomados na tarde da última terça-feira (18) após o resultado das eleições 2018.