Deputados do PSL declaram voto BolsoFrança e manifestam apoio ao atual governador Márcio França no segundo turno da disputa estadual
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Deputados do PSL declaram voto BolsoFrança e manifestam apoio ao atual governador Márcio França no segundo turno da disputa estadual

Cinco dos 15 deputados estaduais eleitos pelo PSL nas eleições 2018 e outros três deputados federais do partido assinaram um manifesto de apoio à candidatura do atual governador Márcio França (PSB) ao governo de São Paulo neste segundo turno, na última quarta-feira (24). Os estaduais Coronel Nishikawa, Delegado Bruno Lima, Major Mecca, Rodrigo Gambale, Tenente Nascimento e os federais Abou Anni, Coronel Tadeu e Guiga Peixoto defenderam o voto BolsoFrança.

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Os parlamentares do PSL manifestaram o interesse em encerrar a disputa entre PT e PSDB em São Paulo e destacaram os "gestos de apoio" de Márcio França aos policiais nos últimos meses desde que se tornou governador de São Paulo após o afastamento do ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, para concorrer à Presidência. Antes de declararem o voto BolsoFrança , os deputados também saudaram a candidata a vice-governadora na chapa do candidato do PSB, a coronel da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) Eliane Nikoluk (PR).

Outro deputado eleito por São Paulo, o agente federal Danilo Balas (PSL) também esteve no evento, mas não manifestou ou declarou seu apoio já que ainda integra a Polícia Federal (PF). Ele afirmou estar de folga e ter ido ao evento para cumprimentar a vice de França, mas a coronel da PM-SP não chegou a comparecer ao evento.

Ainda atrás nas pesquisas de intenção de voto , mas empatado tecnicamente com o ex-prefeito de São Paulo, João Doria, Márcio França reafirmou que mesmo com o apoio explícito dos bolsonaristas mantém sua posição de neutralidade na disputa presidencial. A posição foi conquistada durante a reunião do diretório nacional em que as unidades federativas em que o PSB ainda disputa o segundo turno, São Paulo e Distrito Federal, foram liberadas para não declarar apoio a nenhum candidato a presidente.

O atual governador de São Paulo acredita que o novo apoio não deve afastar o voto daqueles que preferem Fernando Haddad (PT) ou rejeitam Jair Bolsonaro (PSL). Para França, as eleições para governador e para presidente são duas disputas diferentes e quem for vencedor no próximo domingo (28) governará para todos quando tomar posse.

Líderes do PSB e do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), os deputados Carlos Cezar e Caio França, este segundo filho de Márcio França, mantiveram cautela e afirmaram que o apoio declarado de parte da bancada do PSL neste segundo turno não significa necessariamente uma composição com o partido de Bolsonaro no parlamento, no caso do atual governador ser reeleito, mas deixaram a possibilidade em aberto e disseram que o evento pode ser um primeiro passo nessa direção.

Graças a  votação recorde da deputada eleita Janaina Paschoal (PSL) que obteve mais de dois milhões de votos, o PSL elegeu 15 deputados na Alesp e se tornou a maior bancada, maior até do que a do PSDB, tradicional líder da Casa. Janaína Paschoal, no entanto, assim como a maior parte dos demais deputados do PSL, mantiveram a posição de neutralidade que o próprio presidenciável Jair Bolsonaro determinou na disputa paulista.

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Bolsonaro reage após declaração de voto BolsoFrança

Jair Bolsonaro acusou deputados que declararam voto BolsoFrança de não estarem
Fernando Frazão/Agência Brasil
Jair Bolsonaro acusou deputados que declararam voto BolsoFrança de não estarem "suficientemente engajados" na disputa presidencial

Após o evento desta quarta-feira (24), em um hotel na zona sul de São Paulo, articulado pelo senador eleito pelo PSL, Major Olímpio, que foi chamado pelos deputados de "nosso grande líder" e também já declarou seu voto em Márcio França, o próprio Jair Bolsonaro precisou reforçar o pedido de neutralidade na disputa paulista.

O presidenciável do PSL subiu o tom e atacou os parlamentares paulistas que se elegeram com seu apoio ao dizer que eles não estão "suficientemente empenhados" na disputa nacional. Segundo Bolsonaro, eles se elegeram por associação a ele e agora estão se envolvendo demais na disputa pelo governo do estado de São Paulo, entre João Doria (PSDB) e Marcio França (PSB).

"O pessoal da esquerda está mobilizado. O nosso pessoal, parlamentares eleitos, está com engajamento muito fraco. Peço que entrem nessa briga, a eleição não acabou. Vocês sabem que vocês se elegeram em grande parte pelo meu trabalho como candidato a presidente da República. Vocês têm seus méritos, mas ninguém acreditava que um partido com oito segundos de TV e sem fundo partidário faria uma bancada de 52", disse Bolsonaro em transmissão nas redes sociais ainda na quarta-feira (24).

"A gente apela para deputados e senadores para que se preocupem não com as campanhas para governador em seus estados. Estou vendo uma briga em São Paulo. Em vez de brigar por voto para mim, fica brigando por voto em um candidato ou outro", completou o capitão reformado.

"Vocês têm que dar uma devida resposta. Pelo amor de Deus, deputados eleitos de São Paulo. O objetivo de vocês é Jair Bolsonaro. Depois é França ou Doria. Pelo amor de Deus. Uma briguinha que parece que vocês se elegeram por mérito próprio", acrescentou. "Tenho certeza que alguns de vocês seriam eleitos, mas a grande maioria, não".

Voto BolsoFrança foi declarado por deputados do PSL em resposta a campanha de João Doria (PSDB) que prega o voto BolsoDoria de forma oficial
Agência Brasil/Marcos Corrêa
Voto BolsoFrança foi declarado por deputados do PSL em resposta a campanha de João Doria (PSDB) que prega o voto BolsoDoria de forma oficial

E a disputa para eleger o novo governador de São Paulo realmente tem sido um problema para a campanha de Bolsonaro. De olho na popularidade do candidato do PSL que obteve ampla maioria de votos no primeiro turno em todo o estado, o candidato do PSDB, João Doria, se apressou e ainda no primeiro discurso após os resultados do primeiro turno, abandonou o apoio ao candidato derrotado do próprio partido, Geraldo Alckmin, e declarou seu voto e seu apoio a Jair Bolsonaro , oficializando inclusive o chamado voto BolsoDoria.

O fato foi interpretado como uma traição e  gerou muitas críticas de adversários e até de ex-aliados do ex-prefeito de São Paulo, alguns dos quais chegaram a deixar o PSDB ou declarar votos em Márcio França, entre eles: os prefeitos de Lorena, Fábio Marcondes; de Pirassununga, Ademir Lindo; de Itapira, José Paganini; e de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, cidade que integra a Baixada Santista, reduto de Márcio França e região onde o candidato do PSB obteve o maior índice de votos no primeiro turno das eleições 2018 para governador de São Paulo.

Desde então, o tucano tem tentado recolher apoios e manifestações de apoiadores e do próprio Bolsonaro.  Doria chegou a viajar para o Rio de Janeiro e aguardar por cerca de três horas pelo presidenciável na casa de um apoiador onde Bolsonaro tem gravado os programas eleitorais, mas o capitão reformado do Exército alegou indisposição e não compareceu. Após o desencontro, Bolsonaro gravou um vídeo desejando "boa sorte" a Doria .

O candidato pessedebista ao governo de São Paulo, no entanto, não esmoreceu e continuou fazendo sua campanha na tentativa de atrelar sua imagem à de Bolsonaro. Ele tem repetido nas redes sociais, nos debates e, sobretudo, nos programas exibididos no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV o pedido de voto em Bolsonaro para presidente e nele para governador.

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Reprodução/Instagram/Cauê Macris

General Mourão, vice de Bolsonaro, posa para foto com João Doria e irrita líder do PSL em São Paulo que agora apoia o voto BolsoFrança

Doria chegou a conseguir o apoio expresso do partido do candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, General Mourão, o PRTB, o que chegou a causar mais um mal estar na campanha à Presidência e afastou ainda mais o vice do núcleo forte da candidatura. Na ocasião, o senador eleito Major Olímpio (PSL) que também é o coordenador da campanha do presidenciável em São Paulo chegou a declarar que o vice "só atrapalha" .

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Major Olímpio declarou que "mais uma vez o Mourão só atrapalha. Não traz nenhum voto ao Bolsonaro, mas cada vez que abre a boca tira um punhado".

Internamente, a campanha do PSL avalia também que a associação de Doria com o presidenciável pode ser responsável pela queda nas intenções de voto de Bolsonaro na capital paulista onde Doria tem uma rejeição alta de 48% e onde Haddad ultrapassou Bolsonaro  e já conta com 51% das intenções de voto contra 49%, segundo a pesquisa Ibope.

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Adesivo 'Bolsodoria', denunciado por Márcio França, motivou busca e apreensão no comitê de Doria, mas agora há também a declaração de voto BolsoFrança
Divulgação
Adesivo 'Bolsodoria', denunciado por Márcio França, motivou busca e apreensão no comitê de Doria, mas agora há também a declaração de voto BolsoFrança

Além disso, entre as figuras que orbitram Bolsonaro ou integram o partido do candidato, Doria só conseguiu o apoio e a participação da deputada federal eleita Joice Hasselmann. Enquanto isso, Márcio França, mesmo se mantendo neutro na disputa presidencial e tendo seu partido apoiando nacionalmente a candidatura de Fernando Haddad (PT), conseguiu o apoio local de pelo menos oito deputados do PSL e do senador mais votado no estado, além de poder utilizar a expressão mais recente cunhada em resposta ao voto BolsoDoria, o " voto BolsoFrança ".

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