Parte de dinheiro encontrado em apartamento usado por Geddel Vieira Lima seria oriundo da Caixa, segundo PF
Divulgação/Polícia Federal
Parte de dinheiro encontrado em apartamento usado por Geddel Vieira Lima seria oriundo da Caixa, segundo PF

A Polícia Federal enviou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato, as conclusões da investigação sobre os  R$ 51 milhões apreendidos em apartamento usado por Geddel Vieira Lima (PMDB) em Salvador. Os investigadores concluíram que há "suficientes indícios" do cometimento dos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa por parte do ex-ministro; de seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), e de mais três pessoas – entre elas Marluce Quadros Vieira Lima, mãe dos políticos.

"[Os investigados] estiveram unidos em unidade de desígnios para a prática de crimes de lavagem de dinheiro de recursos financeiros em espécie oriundos de atividades ilícitas praticadas contra a Caixa Econômica Federal (corrupção de Geddel Vieira Lima )", aponta o delegado da Polícia Federal Marlon Oliveira Cajado dos Santos no documento de 36 páginas.

A apreensão dos R$ 51 milhões ocorreu em setembro deste ano durante diligência da Operação Cui Bono, que apura se Geddel participou do esquema de corrupção instalado na administração da Caixa Econômica Federal. O peemedebista foi vice-presidente do banco estatal entre 2011 e 2013 e já viu seu nome implicado durante as investigações contra outros suspeitos, como Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Fábio Ferreira Cleto – embora nunca tenha sido denunciado por esse esquema. Agora, as conclusões do inquérito podem vir a embasar denúncia a ser oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

"Postura pendente ao crime"

Perícia encontrou impressões digitais de Geddel Vieira Lima em sacos de dinheiro
REPRODUÇÃO/POLÍCIA FEDERAL
Perícia encontrou impressões digitais de Geddel Vieira Lima em sacos de dinheiro

Os investigadores da Polícia Federal relataram no documento entregue ao STF que o apartamento onde a fortuna de Geddel estava escondida em malas e caixas pertence ao empresário Silvio Silveira, que disse em depoimento que cedeu o imóvel a Lúcio Vieira Lima para que o deputado e seu irmão guardassem pertences de seu falecido pai.

apreensão levou Geddel a ser preso preventivamente (pela segunda vez neste ano ) por determinação da Justiça Federal em Brasília, mas o caso foi posteriormente  remetido ao STF uma vez que as investigações se aproximaram de Lúcio Vieira (que detém foro privilegiado por ser deputado federal).

Além da versão apresentada pelo dono do apartamento em Salvador, as suspeitas contra Lúcio Vieira Lima também foram corroboradas pela descoberta, em meio às caixas de dinheiro, de uma fatura que pertencia a uma empregada doméstica que trabalha para o irmão de Geddel.

Os investigadores lembram ainda que a perícia papiloscópica realizada no dinheiro apreendido constatou fragmentos de impressões de digitais de Geddel Vieira Lima em pacotes de dinheiro. Também foram encontrados nas caixas e sacos de dinheiro rastros do advogado Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, aliado de Geddel, e de Job Brandão, ex-assessor de Lúcio Vieira . Os dois também são alvos da investigação.

"Verificou-se que Geddel Vieira Lima , mesmo em regime de prisão domiciliar, apresentava postura ainda tendente ao crime, com manutenção de verdadeira fortuna de aproximadamente R$ 51 milhões em espécie, em local totalmente desvinculado de documentação formal atrelada a ele, praticando crime de lavagem de dinheiro em tipologia de caráter permanente, ocultar valores provenientes, ao menos, de atividade criminosa decorrentes da atividades ilícitas praticadas no comando da vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, como já havia mencionado Lúcio Bolonha Funaro , que informou ter entregue o valor estimado de R$ 20 milhões em dinheiro", concluiu a PF.

Além do uso do apartamento na capital baiana para guardar os R$ 51 milhões, Geddel Vieira Lima e os demais acusados também teriam cometido crimes, segundo os "suficientes indícios" apontados pelos investigadores da Polícia Federal, mediante à ocultação de dinheiro no apartamento de Dona Marluce (mãe dos irmãos Vieira Lima) e na apropriação indevida de recursos da Câmara dos Deputados por meio de desvios dos salários de assessores.

Fachin concede liberdade a ex-assessor do deputado Lúcio Vieira Lima

Nesta sexta-feira (28), o ministro Edson Fachin concedeu liberdade a Job Brandão, o já citado ex-assessor de Lúcio Vieira Lima. Ele estava cumprindo prisão domiciliar, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a revogação da medida porque o acusado está colaborando com as apurações.

No parecer enviado pela PF ao Supremo, a corporação ressalta que Brandão trabalhou durante 28 anos com a família de Geddel Vieira Lima, tendo atuado como secretário parlamentar do ex-ministro e de seu pai, Afrísio Vieira Lima, desde 1989.

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