Lideranças do Hamas vivem no Catar e mantém escritórios na Turquia
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Lideranças do Hamas vivem no Catar e mantém escritórios na Turquia

O Hamas, grupo extremista e terrorista que controla a  Faixa de Gaza  e atua no conflito  contra Israel desde o ataque surpresa no dia 7 de outubro, recebe financiamento de países que o apoiam, além de doadores pelo mundo e, como revelado recentemente pelo governo dos Estados Unidos, por meio de criptomoedas.

Seu principal apoiador é o  Irã, que fornece armas, treinamento e financiamento na faixa de US$ 100 milhões anuais, segundo informações do Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA), divulgadas em 2021.

No entanto, é o Catar que abriga o escritório político do  Hamas e envia recursos a Gaza na ordem de US$ 360 milhões por ano. O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, despacha da capital catari, Doha, desde 2020, sob a justificativa do Egito restringir o movimento de entrada e saída de Gaza. Expatriados palestinos e doadores privados no Golfo Pérsico, além de instituições islâmicas, também enviam recursos ao grupo.

As lideranças do Hamas foram para o Catar após se desentenderem com o governo da Síria – onde se abrigavam anteriormente –, quando refugiados palestinos participaram na revolta de 2011 contra o presidente Bashar al-Assad, precedendo a guerra civil que se instaurou no país.

“Desde 2018 o Catar tem fornecido periodicamente milhões de dólares em dinheiro aos governantes do Hamas em Gaza para pagar o combustível da central elétrica do território, permitir ao grupo pagar aos seus funcionários públicos e fornecer ajuda a dezenas de milhares de famílias empobrecidas”, escreve o jornal israelense Times of Israel.

Embora o Irã tenha descrito o ataque do Hamas a Israel como um "ato de autodefesa", e pedido aos países muçulmanos que apoiassem os direitos dos palestinos, não há informações que comprovem sua participação na recente ofensiva do Hamas contra Israel.

Na  Organização das Nações Unidas (ONU), o embaixador iraniano negou o envolvimento do país, e os EUA também afirmaram a inexistência de indícios da participação direta do Irã no ataque.

Escritórios na Turquia

Algumas figuras importantes do Hamas também operam supostamente nos escritórios do grupo na Turquia – apoio que aumentou após a chegada do presidente  Recep Tayyip Erdogan ao poder, em 2002. 

A Turquia foi acusada de financiar atos extremistas do Hamas por meio de recursos desviados da Agência Turca de Cooperação e Coordenação. Diferentemente do Irã e do Catar, porém, a Turquia reconhece Israel e mantém relações diplomáticas com o país.

Historicamente, os expatriados palestinos e os doadores privados no Golfo Pérsico forneceram grande parte do financiamento ao grupo terrorista Hamas. Muitas das receitas arrecadadas pelo grupo ocorreram após o bloqueio de Israel e Egito entre 2006 e 2007.

Nesse período, o Hamas começou a tributar mercadorias que circulavam numa rede de túneis que contornavam a passagem egípcia para Gaza. Através desses túneis, o território teve acesso a produtos básicos como alimentos, medicamentos e gás barato para a produção de eletricidade, bem como materiais de construção, dinheiro e armas.

Em 2013, o presidente egípcio Abdel Fatah al-Sisi assumiu o poder e Cairo tornou-se hostil em relação ao Hamas. Isso porque o Egito passou a enxergar o grupo como uma extensão do seu principal rival interno, a Irmandade Muçulmana – o Hamas foi criado no fim da década de 1980, como ramificação do braço palestino da Irmandade Muçulmana.

O Exército egípcio fechou a maior parte dos túneis que atravessam o seu território ao mesmo tempo em que iniciava uma campanha contra o  Estado Islâmico, que começava a ganhar força na Península do Sinai.

Somente em 2018 o Egito começou a permitir que alguns bens comerciais entrassem em Gaza através da sua passagem fronteiriça de  Rafah. Já em 2021, o Hamas teria arrecadado mais de US$ 12 milhões por mês de impostos sobre produtos egípcios importados para Gaza.


Financiamento por criptomoedas

Mesmo antes de o Hamas lançar um ataque surpresa contra Israel, funcionários do Departamento de Justiça em Washington, no Distrito de Columbia, estavam conduzindo uma investigação criminal sobre o uso de criptomoedas pelo grupo militante por meio de supostas lavagens de dinheiro, segundo reportagem da CNN.

Os dados revelam que existem contas de criptomoedas ligadas ao Hamas, confiscadas pelo governo norte-americano há três anos. 

O Hamas e outros grupos terroristas usaram o Facebook e o X (antigo Twitter) para publicar os seus endereços de carteiras criptográficas e dizer às pessoas como doar, de acordo com um relatório divulgado este ano pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA.

Sob investigação, o braço militar do Hamas – as Brigadas al-Qassam – anunciou, em abril, que iria parar de arrecadar fundos em bitcoin para proteger seus doadores, segundo a Reuters.

O Hamas, no entanto, não interrompeu totalmente essa arredação, e Israel, em outra investigação, apreendeu endereços de criptomoedas que estariam ligados ao grupo terrorista. Além do bitcoin, as carteiras criptográficas que as autoridades israelenses disseram estar ligadas ao Hamas incluíam as criptomoedas Ether, XRP e Tether.

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