Gal Hirsch, responsável do governo de Israel sobre os desaparecidos e sequestrados
Reprodução/Twitter/Avshalom Sassoni
Gal Hirsch, responsável do governo de Israel sobre os desaparecidos e sequestrados

O enviado de Israel para cuidar dos  sequestrados e desaparecidos na guerra contra o grupo extremista Hamas, Gal Hirsch, teria gritado com embaixadores europeus durante uma reunião. A irritação se deu devido ao apoio europeu ao processo de paz nas décadas anteriores.

Segundo informações do jornal israelense Haaretz, o encontro tinha o objetivo de traçar estratégias para a liberação dos reféns. Hirsch, no entanto, teria se alterado ao lembrar do apoio dos governos europeus ao  Acordo de Oslo, de 1993, que propunha a paz entre Israel e Palestina, pressionando, assim, que Israel mostrasse moderação contra os palestinos.

“Eles [os embaixadores] saíram envergonhados de uma conversa com Gal Hirsch”, escreveu o jornalista Amir Tibon, do Haaretz. “Em vez de falar sobre como promover um movimento para a libertação parcial de reféns (mulheres-crianças-pacientes), ele começou a gritar porque apoiavam Oslo”.

Na reunião com os embaixadores, Hirsch, que é ex-comandante militar reformado, analisou as relações entre Israel e Palestina nas últimas décadas, começando pelas circunstâncias que rodearam a assinatura do Acordo de Oslo: “Depois de anos de terrorismo, escolhemos o caminho da paz”.

“Quando vi os palestinos vindo de todo o mundo árabe, entrando armados em Gaza e Jericó, seguidos pelas sete cidades da Cisjordânia, pensei comigo mesmo: 'Eles têm muitas brigadas armadas agora, bem ao lado de concentrações populacionais israelenses, mas assinamos os acordos de paz, com nossos bons amigos conosco neste processo, depois de sermos criticados ao longo dos anos por sermos recalcitrantes, agressivos e paranóicos’”.

“Depois de alguns anos, a  Autoridade Palestina declarou guerra contra nós e, no que chamaram de 'Segunda Intifada', terroristas suicidas explodiram-se em centros populacionais israelenses”, afirmou Hirsch, segundo as informações do Haaretz. “Tivemos que nos defender e os seus governos [da União Europeia] nos criticaram por isso”, teria dito, já com o tom de voz elevado.

Brigadeiro-General das Forças de Defesa de Israel, Gal Hirsch foi nomeado para chefiar os assuntos sobre os sequestros, três dias após o ataque do Hamas ao longo da fronteira com a  Faixa de Gaza.

Ele renunciou ao serviço militar após a Guerra do Líbano, em 2006, devido às pressões sobre seu comando. Na ocasião, a guerra se instaurou após o rapto de dois oficiais, Udi Goldwasser e Eldad Regev, que estavam sob seu comando.

Isaac Rabin (à esq.), Bill Clinton (ao centro) e Yasser Arafat (à dir.) durante o Acordo de Oslo
Vince Musi/The White House - 13.09.1993
Isaac Rabin (à esq.), Bill Clinton (ao centro) e Yasser Arafat (à dir.) durante o Acordo de Oslo

Em 2015, Hirsch foi nomeado pelo então ministro Gilad Erdan para servir como chefe da polícia, mas a sua candidatura foi retirada devido às suspeitas de manter negócios ilícitos. 

“Em vez de nos perguntar como podemos ajudar a libertar os reféns, ele veio nos repreender por um acordo assinado quando nenhum de nós estava no cargo”, disse um dos embaixadores. “Queremos ajudar e não precisamos de sermões políticos”.

Entenda o Acordo de Oslo

As negociações de paz em Oslo tentaram resolver o acordo direto entre israelenses e palestinos, elemento que faltava nas conversas anteriores sobre a paz na região. O acordo é importante porque, pela primeira vez, houve um reconhecimento mútuo entre Israel e a Palestina, então representada pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), além de listar uma série de compromissos entre as duas regiões.

As negociações aconteceram em sigilo e o acordo foi assinado no pátio da Casa Branca em 13 de setembro de 1993, testemunhado pelo então presidente americano Bill Clinton. O líder da OLP, Yasser Arafat, e o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, apertaram as mãos, em um ato simbólico.

O Acordo de Oslo previa que as tropas israelenses se retirassem gradualmente da Cisjordânia e de Gaza, e que uma "Autoridade Autônoma Provisória Palestina" seria criada por um período de transição de cinco anos. 

O Acordo foi parcialmente implementado: o Hamas e outros grupos palestinos não aceitaram o tratado e realizaram atentados suicidas contra Israel. Entre os israelenses, houve oposição por parte de grupos liderados por colonos. O primeiro-ministro Rabin acabou assassinado por um israelense que se opunha ao acordo.

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