Uma das estratégias que está sendo cada vez mais utilizada pelos russos na guerra contra a Ucrânia é o ataque à infraestrutura das cidades. Este tipo de ofensiva tem o objetivo de enfraquecer a curto e médio prazo os locais atingidos, e os ataques à rede elétrica ucraniana são um exemplo.
De acordo com Volodymyr Kudrytskyi, diretor executivo da Ukrenergo, empresa nacional que gere a rede elétrica na Ucrânia, praticamente nenhuma usina termelétrica ou hidrelétrica saiu ilesa dos bombardeios russos.
"A escala de destruição é colossal. Na Ucrânia há um déficit de geração de energia. Não podemos gerar tanta energia quanto os consumidores podem usar", afirmou em entrevista.
Ele disse ainda que os ucranianos podem enfrentar longos cortes de energia nos próximos dias, o que vem gerando cada vez mais preocupação com a aproximação do inverno no país.
O presidente do país, Volodymyr Zelensky, também jogou luz sobre a questão energética no país. Em vídeo divulgado na noite desta segunda-feira (22), ele apelou para que os líderes das cidades clamem pelo "consumo racional da eletricidade".
"O dano sistêmico à nossa esfera energética pelos ataques dos terroristas russos é tão significativo que todo o nosso pessoal e negócios deveriam ser muito frugais e distribuir o consumo por horas do dia", disse.
Inverno e a necessidade de sair de casa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que, na Ucrânia , cerca de 10 milhões de pessoas já estão sem energia e, com a chegada do inverno, até três milhões podem precisar sair de casa em busca de condições mínimas de sobrevivência.
"O inverno vai ameaçar a vida de milhões de pessoas na Ucrânia", disse Henri Kulge, representante da OMS na Europa, que está em visita ao país.
"A devastadora crise da energia, a grave emergência de saúde mental, restrições ao acesso humanitário e o risco de doenças virais farão do inverno um teste formidável para o sistema de saúde da Ucrânia e para os ucranianos, e também para o mundo e seu compromisso de apoiar a Ucrânia."
Em comunicado, o diretor regional da organização listou a destruição causada na infraestrutura básica da Ucrânia, como a hospitais e sistemas de geração e transmissão de energia. Ele também afirmou que 703 ataques a instalações de saúde desde o início da guerra, em fevereiro deste ano, "violam as leis humanitárias e os códigos de guerra". De acordo com o representante, os próximos meses serão "sobre a sobrevivência" dos ucranianos.
"Esperamos que de 2 a 3 milhões de pessoas tenham que sair de casa em busca de aquecimento e segurança. Elas enfrentarão desafios únicos de saúde, como infecções respiratórias, incluindo a Covid-19, pneumonia e gripe, além do sério risco de difteria e sarampo", escreveu ele.
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