O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que o Haiti está "à beira de um abismo" por conta da crise humanitária do país causada pelo crescimento da violência armada.
Gangues haitianas que buscam controlar a região de Porto Príncipe, capital do país, estão bloqueando acessos a água potável, remédios e alimentos. Com isso, verifica-se também o aumento da insegurança alimentar entre a população local, com cerca de 4,7 milhões de pessoas enfrentando a fome aguda.
“As pessoas estão sendo mortas por armas de fogo, estão morrendo porque não têm acesso a água potável, comida, saúde, mulheres estão sendo estupradas impunemente. Os níveis de insegurança e a terrível situação humanitária foram devastadores para o povo do Haiti ”, afirmou Türk em comunicado divulgado nesta quinta-feira (3).
Além disso, o saneamento precário do país vem sendo um fator preponderante no impulsionamnto do atual surto de cólera no Haiti. Foram notificados 2.600 casos suspeitos da doença, metade deles crianças, e dezenas de mortos.
“O Haiti está à beira de um abismo. Não podemos repetir os erros do passado. Embora o combate urgente à violência seja uma prioridade, o futuro e a recuperação sustentável do Haiti exigem ações urgentes e sustentadas para enfrentar as causas dessa crise multifacetada e o firme compromisso do governo com a responsabilidade e o estado de direito”, acrescentou o alto comissário.
Outro ponto abordado por Volker foi o asilo que deve ser dado aos haitianos que estão tentando sair do país. Foi feito um apelo para que a comunidade internacional não devolva os haitianos para o seu país de origem.
“Neste contexto, fica claro que as violações sistemáticas de direitos no Haiti, atualmente, não permitem o retorno seguro, digno e sustentável dos haitianos ao país”, alertou o chefe de direitos humanos da ONU.
Ele completou enfatizando que todos os cidadãos do país caribenho devem ter acesso ao status legal e proteção caso cheguem aos países vizinhos.
Níveis catastróficos de fome
A ONU já havia alertado, em outubro deste ano, para os níveis "catastróficos" de fome no Haiti. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) divulgou que a fome no país atingiu o nível 5, o mais alto no índice de Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC).
A última análise do IPC aponta que 4,7 milhões de pessoas enfrentam fome aguda no país (nível 3), 1,9 milhão estão em fase de emergência (nível 4) e 19 mil cidadãos estão em fase de catástrofe (nível 5).
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