O americano de 21 anos detido na segunda-feira por ser uma “pessoa de interesse” no ataque a tiros que deixou seis mortos em Highland Park, subúrbio de Chicago , foi planejado "por semanas", segundo a polícia local. A arma usada no massacre, apontam informações iniciais, foi obtida legalmente. Ainda há, contudo, uma série de incógnitas sobre o crime.
Identificado como Robert E. Crimo III , o homem foi preso após uma breve perseguição policial em Lake Forest, cidade próxima ao local do ataque. Ele é suspeito de ter disparado com um fuzil, de cima de um telhado, contra centenas de pessoas que assistiam à parada de 4 de Julho, o Dia da Independência nos EUA.
Em uma entrevista à emissora CNN , a prefeita da cidade, Nancy Rotering disse que Crimo deve ser formalmente acusado ainda nesta terça e que suas postagens on-line “refletiam um plano e um desejo de realizar uma carnificina” há muito premeditado. Mais cedo, à emissora NBC, ela afirmou que não há indícios de que o homem era anteriormente conhecido pela polícia. O motivo do crime ainda é desconhecido.
Crimo, que é conhecido pelo apelido Bobby, usa o nome profissional de “Awake the Rapper” e tinha modestos 16 mil ouvintes mensais no Spotify. Vários vídeos e músicas compartilhados nas redes sociais fazem referências visuais e textuais a massacres e a responsáveis por ataques notórios . Há, por exemplo, uma menção a Lee Harvey Oswald, que matou o então presidente John Kennedy em 1963.
A prefeita da cidade de 30 mil habitantes disse que ela mesma conheceu o suspeito, que fez parte do grupo de escoteiros que comandava:
"Há muitos anos, ele era apenas um menino. Um menino quieto que eu conhecia", disse Rotering. "Parte o meu coração. Absolutamente parte o meu coração. Vejo essa foto e, no meio das tatuagens, vejo aquele menininho."
Nas fotos divulgadas pela polícia e pelos perfis do suspeito nas redes, é possível ver que é um homem branco, com cabelos pretos longos e de baixa estatura. Tem tatuagens no rosto e no pescoço, incluindo uma acima de sua sobrancelha esquerda onde se lê “Awake”.
De acordo com a prefeita, o crime é um desses “que faz a gente dar um passo para trás e perguntar: o que aconteceu? Como alguém ficou tão enraivecido, com tanto ódio? E depois descontar nas pessoas inocentes que só estavam tendo um dia em família”. O foco, afirmou a política, deve ser no combate às armas:
"Há armas de guerra nas nossas ruas, que as pessoas podem obter legalmente e depois matar dezenas de pessoas", afirmou.
O ataque veio uma semana e meia após o presidente Joe Biden assinar uma rara legislação bipartidária que impõe restrições à venda de armas de fogo no país e cria regras para mantê-las distantes de pessoas consideradas perigosas. Mesmo modestas, as medidas são as mais significativas neste sentido.
Coincidem também com uma escalada da violência armada nos EUA: o ataque a tiros foi o décimo quinto neste ano com ao menos quatro mortos, segundo um levantamento da Gun Violence Archive, uma organização sem fins lucrativos. Quando leva-se em conta os incidentes com múltiplos baleados, o episódio de segunda foi o 309º do ano.
Não está claro, contudo, se a medida seria suficiente para impedir o massacre de segunda. Illinois já tem uma das leis mais restritivas do país sobre a venda de armas, mas é cercado por estados onde o acesso é muito mais fácil.
O ataque fez com que espectadores e políticos saíssem correndo da parada do Dia da Independência, após perceberem que o barulho não vinha de fogos de artifício, mas de tiros.
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