A União Europeia impôs nesta sexta-feira sanções contra mais de 200 pessoas, entre elas duas filhas do presidente russo, Vladimir Putin , e vários oligarcas próximos ao presidente. Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova já foram alvo de sanções nos Estados Unidos e Reino Unido .
A lista, publicada no Diário Oficial do bloco europeu, inclui ainda 18 empresas e seus executivos, que terão seus ativos bloqueados e suas entradas proibidas nos 27 países do bloco.
A filha mais velha de Putin, Maria Vladimirovna Vorontsova, tem 37 anos e lidera programas na Nomenko, uma empresa de projetos de investimentos no setor de saúde, que recebe "fontes substanciais de receita" do governo russo para pesquisas genéticas, de acordo com o Diário Oficial da UE. Segundo os EUA, os programas são supervisionados pessoalmente por Putin.
Sua outra filha, Katerina Vladimirovna Tikhonova, é uma executiva de tecnologia cujo trabalho apoia o governo russo e sua indústria de defesa, segundo detalhes do pacote de sanções dos EUA anunciado na quarta-feira. Ela é vice-diretora do Instituto de Pesquisa Matemática de Sistemas Complexos da Universidade Estadual de Moscou, criado por empresas cujos executivos "são membros do círculo de oligarcas próximos" a Putin, diz o bloco europeu.
As sanções às filhas de Putin fazem parte de um quinto pacote de medidas adotadas pela UE. Os países do bloco concordaram na quarta-feira em proibir as importações de carvão da Rússia e de impedir que transportadoras marítimas e rodoviárias do país entrem no bloco. Também foram impostas novas restrições de transação a quatro importantes bancos russos.
— Estas últimas sanções foram adotadas após as atrocidades cometidas pelas tropas russas em Bucha e outros lugares sob ocupação — disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell. — O objetivo é parar o comportamento imprudente, desumano e agressivo das tropas russas e deixar claro para os políticos no Kremlin que sua ação ilegal terá um custo alto.
Mais cedo, o Reino Unido também havia anunciado sanções às filhas do presidente russo, e à filha de seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, atacando o "luxuoso estilo de vida do círculo próximo ao Kremlin". Londres também já havia aplicado sanções a Polina Kovaleva, filha da suposta amante de longa data de Lavrov.
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A extensão da riqueza de Putin é um assunto delicado na Rússia. O Kremlin negou, no ano passado, que ele fosse o proprietário de um palácio no Mar Negro estimado em R$ 7,2 bilhões, como alegado pelo político de oposição Alexei Navalny em um vídeo que teve milhares de visualizações no YouTube. A propriedade teria 39 vezes o tamanho do principado de Mônaco.
Em fevereiro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as sanções contra o próprio Putin eram inúteis.
— É bastante indiferente. As sanções contêm reivindicações absurdas sobre alguns ativos — disse Peskov. — O presidente não tem bens além daqueles que ele declarou.
As duas filhas do presidente raramente são vistas em público e nunca confirmaram que o líder russo é seu pai. Putin, por sua vez, quase nunca as menciona, e o Kremlin só as identifica pelo primeiro nome.
Katerina, que abriu mão de seu sobrenome e adotou o de sua avó materna, Tikhonova, é casada com Kirill Shamalov, filho de Nikolai Shamalov, amigo de longa data do presidente. Ela também é atleta profissional de rock acrobático, uma categoria de dança famosa no Leste Europeu, e participou de ao menos três edições. Em 2014, chegou a ser finalista do campeonato que aconteceu na Cracóvia, Polônia.
Já Maria Vorontsova hoje usa o sobrenome do marido, o empresário holandês Jorrit Joost Faassen. Ele trabalhava para o Gazprombank, instituição que foi incluída em pacotes de sanções anunciados nas últimas semanas.