Manifestações de peruanos deixam mortos e feridos
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Manifestações de peruanos deixam mortos e feridos


O governo peruano  ordenou nesta quinta-feira que as Forças Armadas patrulhem as rodovias pelos próximos 30 dias, em meio a protestos pelo aumento nos preços de alimentos e de combustíveis, que já duram mais de uma semana. Na quarta-feira, um trabalhador agrícola que participava do bloqueio de uma estrada em Ica morreu e pelo menos 15 pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia.

O presidente peruano, Pedro Castillo, chegou a declarar um toque de recolher em Lima para tentar conter os protestos, mas foi desafiado por milhares de pessoas, que tomaram as ruas na capital. O fim da medida, anunciado horas depois, no entanto, não serviu para acalmar os ânimos dos manifestantes.

São as primeiras manifestações contra o governo de Castillo, que está no poder há apenas oito meses e vem sendo pressionado no Congresso para deixar o cargo. O presidente, um professor rural de 52 anos, tornou-se conhecido nacionalmente como um dirigente sindical que promoveu uma grande greve de professores em 2017.

No início da semana, o governo cortou impostos sobre combustíveis, aumentou o salário mínimo e propôs isenções de impostos sobre vendas para itens alimentares essenciais, mas as medidas não serviram para conter os manifestantes.

Castillo também está em uma situação política vulnerável. Sua taxa de aprovação caiu para 19%, uma mínima histórica de acordo com uma pesquisa Datum publicada nesta quinta-feira. Na semana passada, ele conseguiu evitar sua segunda destituição pelo Congresso, onde a oposição é maioria. Mas a tensão nas ruas vem aumentando desde a segunda-feira.


Enquanto Castillo tenta lidar com a situação nas ruas, seu chefe de Gabinete, Aníbal Torres, causou uma onda de repúdio nesta quinta-feira ao mencionar o programa de construção de rodovias de Adolf Hitler na Alemanha nazista como modelo a seguir.

“Vou dar um exemplo: Itália e Alemanha eram iguais a nós. Mas em uma ocasião, Adolf Hitler visita o norte da Itália e [Benito] Mussolini mostra a ele uma estrada construída de Milão a Brescia”, disse Torres. 

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“Hitler viu aquilo, foi ao seu país e o encheu de rodovias e aeroportos, transformando a Alemanha na principal potência econômica do mundo.” Suas palavras levaram a críticas da oposição e da embaixada alemã em Lima.

"Hitler foi um ditador fascista e genocida, em cujo nome se fez a pior guerra de todos os tempos da Alemanha e cometeu-se um genocídio de 6 milhões de judeus. Diante desse cenário, Hitler não é referência adequada como exemplo de nenhum tipo", disse a representação alemã, em sua página no Facebook.

Preocupação de países vizinhos
Também nesta quinta, os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e da Bolívia, Luis Arce, expressaram preocupação com a situação no Peru e defenderam o respeito "à democracia e ao voto popular".

“Querem arrancar nas ruas o que a direita peruana não conseguiu nas urnas, lamentamos este fato”, declarou o presidente boliviano, em visita a Buenos Aires.

Fernández, por sua vez, chamou "a atenção de todos os líderes latino-americanos para o que está acontecendo no Peru".

“Os governos democráticos da América Latina podem fazer um tipo de expressão mais clara a favor de preservar a institucionalidade do Peru”, disse o argentino. “Nos oito meses desde sua posse, tentou-se destituir o presidente Castillo mais de uma vez e não conseguiram no Congresso os votos necessários. Quando fracassaram nesta tentativa geraram um clima social que está colocando em crise a situação institucional de Castillo.”

O presidente argentino afirmou que a situação política no Peru ocupou "um bom tempo" de sua conversa com Arce. O tema também foi abordado na segunda-feira durante um encontro com o presidente chileno, Gabriel Boric.

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