O governo dos Estados Unidos criticou o encontro do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Os dois se reuniram na quarta-feira (16) em Moscou para discutir assuntos comerciais.
A queixa dos estadunidenses é decorrente do momento político em que a viagem ocorre. O governo americano acusa a Rússia de planejar invadir a Ucrânia, o que Putin nega
. Por outro lado, o governo russo mantém exercícios militares na região de fronteira com o território ucraniano, enquanto se contrapõe à possibilidade de incorporação da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), braço armado do Ocidente.
"Vemos uma narrativa falsa de que nosso engajamento com o Brasil em relação à Rússia envolve pedir ao Brasil que escolha entre os Estados Unidos e a Rússia. Esse não é o caso. A questão é que o Brasil, como um país importante, parece ignorar a agressão armada por uma grande potência contra um vizinho menor, uma postura inconsistente com sua ênfase histórica na paz e na diplomacia", declarou um porta-voz do Departamento de Estado americano à TV Globo.
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Ainda que o governo russo tenha dito que retirou tropas da região, o governo Biden insiste que há risco de invasão. Com isso, eles também criticaram a declaração de Bolsonaro
, que, ao lado de Putin, se disse "solidário a todos aqueles países que querem e se empenham pela paz".
“O momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior. Isso mina a diplomacia internacional destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário, bem como os próprios apelos do Brasil por uma solução pacífica para a crise", acrescentou o porta-voz.
A viagem de Bolsonaro foi contra-indicada por especialistas ouvidos pelo iG na última semana. O entendimento era justamente de que a imagem do brasileiro ao lado de Putin passaria a impressão inadequada de apoio
, ainda que não tenha sido essa a intenção.