Começa nesta segunda-feira (29), em Minneapolis, o julgamento do policial branco Derek Chauvin que, em 25 de maio de 2020, matou o negro George Floyd durante uma abordagem policial. O processo é considerado um dos mais importantes da história recente dos Estados Unidos e deve durar até maio.
Floyd foi morto por sufocamento, após Chauvin ficar com o joelho no pescoço dele por 8 minutos e 46 segundos, em uma ação que verificava se o norte-americano tinha tentado passar uma nota falsa de US$ 20. Os três outros policiais que estavam na abordagem serão julgados em um processo separado no mês de agosto.
O policial branco é acusado de três crimes: homicídio doloso (com intenção de matar), homicídio culposo (sem intenção) e assassinato de terceiro grau (lesão corporal seguida por homicídio). A soma máxima, se for condenado pelos três crimes, é de 75 anos de prisão.
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A defesa deve argumentar que seu cliente agiu conforme o procedimento determinado pela corporação e que não infringiu nenhum regulamento. Além disso, vão dizer que Floyd morreu por conta do uso de drogas - apesar dos laudos médicos mostrarem que ele morreu por asfixia.
Já a acusação vai usar o fato de que Chauvin tem em seu histórico quase uma dezena de abordagens semelhantes e que foram alvo de advertências da própria corporação. Também vai abordar a questão do racismo estrutural, citando que os policiais brancos já mataram dezenas de negros em ações violentas e desproporcionais.
Conforme o informado pelo tribunal , nesta segunda-feira, serão ouvidas as argumentações iniciais da defesa e da acusação. A partir de então, começam a ser prestados os depoimentos das testemunhas e os interrogatórios, em uma etapa que pode durar até quatro semanas. Depois disso, é que virá a deliberação do júri e o posterior veredicto. A pena em si, em caso de condenação, deve ser divulgada em outra sessão.
Protestos
A segurança em Minnesota foi reforçada porque são esperadas manifestações do movimento Vidas Negras Importam . A morte de Floyd foi o estopim de gigantescos protestos por todos os 50 estados norte-americanos desde maio do ano passado, que tiveram efeito, inclusive, nas eleições presidenciais de novembro.
Os manifestantes exigem que a população negra seja respeitada e não seja mais alvo de ações policiais do tipo. Além disso, também cobram que haja uma reformulação do sistema policial dos EUA, ao qual acusam de ser racista em suas abordagens constantes.
No entanto, há um temor entre a comunidade negra de que Chauvin não seja condenado, já que não seria a primeira vez que algo do tipo aconteça. Um caso recente, o assassinato de Breonna Taylor, só terminou com uma indenização para a família da vítima - morta em seu quarto durante uma batida policial contra o namorado - e nenhum agente responsabilizado.