Após vitória em mais quatro primárias, Biden já falou como o candidato dos Democratas
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Após vitória em mais quatro primárias, Biden já falou como o candidato dos Democratas

Em nova demonstração da força de sua candidatura, dias após vencer dez primárias em uma só noite, o ex-vice-presidente Joe Biden foi o grande vitorioso na série de seis votações desta terça-feira (10), apelidadas pela imprensa americana de "Superterça 2.0".

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Em jogo estavam 365 delegados, incluindo os seis estados e o fim do processo de escolha para os eleitores de fora dos EUA. Antes mesmo do fim da contagem, Biden já aparecia nas projeções como vencedor.

O grande prêmio da noite era o estado do Michigan , que distribui 125 delegados e foi ponto central da campanha dos três candidatos ainda na disputa: além do ex-vice-presidente, o senador social-democrata Bernie Sanders e a deputada Tulsi Gabbard, que aparece nas pesquisas com menos de 1%. Biden confirmou as pesquisas e venceu com facilidade: obteve 53% dos votos, contra 36,5% de Sanders, com 99% das urnas apuradas.

O centrista e favorito do establishment democrata ainda conquistou o  Mississippi  com 81% contra 14,9% de Biden, com 98% das urnas apurados; o  Missouri , com 60,1% contra 34,6%; e  Idaho , com 48,9% contra 42,5%. Juntos, os estados puseram 124 delegados em jogo.

Nos outros dois estados, as projeções ainda não são suficientes para declarar um vencedor. Na  Dakota do Norte , com 77% dos votos apurados, Sanders se encaminha para sua primeira vitória, com 48,4% dos votos contra 43,3% de Biden. Já em  Washington , com 67% das urnas apuradas, a disputa é voto a voto: o senador tem 32,7% e o ex-vice-presidente, 32,5%. Juntos, os estados tem 103 delegados.

A divisão dos delegados será feita de forma proporcional a todos que ultrapassarem o patamar de 15% dos votos. Até o fechamento das urnas, Biden tinha 664 delegados e Sanders  573. Gabbard conquistou apenas dois, na primária da Samoa Americana. Com os resultados parciais, Biden já tem 823 delegados contra 663 de Sanders. Gabbard continua com dois. Para conseguir a indicação democrata à Presidência , é necessário o apoio de 1.991 delegados, que endossarão formalmente um dos nomes na convenção nacional do partido, em julho.

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As primeiras palavras de Biden foram em um evento na Pensilvânia — ele planejava um comício em Ohio, mas foi obrigado a cancelar por causa do coronavírus. Disse que sua campanha "está muito viva",  que "teve mais uma boa noite" e, mais importante, focou na união do Partido Democrata, inclusive falando aos eleitores de Bernie Sanders, afirmando que "juntos venceremos Donald Trump", e citando os ex-pré-candidatos democratas que já lhe prometeram apoio. Palavras que podem sinalizar que, para ele, a corrida pela indicação democrata já está definida a seu favor.

"Hoje estamos um passo mais perto de restaurar a honra e a dignidade na Casa Branca. Nossa própria democracia está em jogo. Tudo que fez os EUA serem os EUA está em jogo. Vencer significa unir os EUA, ter um presidente que sabe não apenas lutar, mas também curar", afirmou.

A campanha de Sanders afirmou apenas que o candidato, que acompanhou os resultados de sua casa, em Vermont, não iria se pronunciar esta noite.

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Avanço de Biden

A análise das pesquisas de boca de urna, que traçaram um perfil dos eleitores , não deixa dúvida sobre o excelente desempenho de Joe Biden entre os eleitores negros. No Mississippi, estado do Sul dos EUA, foi o escolhido por 84% dos democratas deste nicho, vencendo ainda entre os que se identificam como "de centro" e os acima de 45 anos. Os eleitores afirmaram ainda que os fatores que mais influenciaram a escolha foi a capacidade do candidato de "unir o país" (34%) e vencer Donald Trump (54%).

No Missouri, teve 69% dos votos entre os negros e 53% entre os brancos, neste caso um percentual semelhante ao de Sanders na primária de 2016, quando enfrentou Hillary Clinton.

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No Michigan, Biden venceu com mais de 60% entre mulheres, negros, centristas, integrantes de sindicatos e pessoas com mais de 45 anos. A seu favor, uma série de apoios importantes, como o endosso de dois dos maiores jornais do estado, o da governadora e a participação de dois ex-candidatos democratas em sua campanha, os senadores Cory Booker e Kamala Harris. Ao todo, 1,7 milhão de pessoas participaram da primária. Ali, os eleitores acreditam ainda que ele é mais capaz de gerenciar uma crise (50% x 30%) do que Sanders.

Se Biden tem muito a comemorar, Sanders vê com grande preocupação os números da Edison Research. No Michigan, perdeu espaço em todo os campos, até mesmo entre os democratas que se declaram independentes — a vantagem de 43 pontos percentuais de 2016 caiu para apenas 10 — e os jovens, mas estes representam apenas uma pequena parcela do universo de eleitores. Por outro lado, 20% de seus apoiadores dizem que não vão votar em Biden caso ele seja indicado, um percentual que cai para 10% entre os que se identificam com o ex-vice-presidente .

Em 2016, Sanders teve um desempenho melhor. No Missouri, perdeu por menos de 2 mil votos, conquistando quase o mesmo número de delegados de Hillary Clinton. No Michigan, venceu por uma pequena margem, contrariando as pesquisas. No Mississippi, por sua vez, foi um massacre, 82,47% a 16,62%, mas com direito a cinco delegados. Desta vez, segundo os resultados parciais, ele corre o risco de não conquistar nenhum.

Expectativas

Biden chegou para a segunda da série de três "Superterças" deste mês de março como favorito. A primeira delas, no dia 3 de março, o ajudou a consolidar a retomada de sua campanha, dada como "à beira do abismo" após os fracassos em Iowa, New Hampshire e Nevada, mas que recebeu uma boa dose de incentivo com a ampla vitória na Carolina do Sul. À frente de Sanders no número de delegados, sabia que um bom desempenho na noite desta terça poderia pavimentar o caminho para sua indicação. Para o site de análises FiveThirtyEight, ele tem 99% de chances de ser o adversário de Donald Trump em novembro.

Sanders, por sua vez, encarava as disputas como vitais para sua sobrevivência, com destaque ao "prêmio" da noite, Michigan, contando com a repetição do cenário de 2016. Na época, as pesquisas de opinião traçavam um cenário parecido, com Hillary Clinton despontando à frente nas pesquisas até a véspera da votação. Nas urnas, o senador venceu por pouco mais de 17 mil votos, lhe garantindo 67 delegados, contra 63 da ex-secretária de Estado. Desta vez, sofreu uma dura derrota, que deve levar a uma reavaliação da campanha, mas são poucos os que apostam em uma desistência nos próximos dias.

Com tantos delegados em jogo, os dois candidatos dedicaram grandes esforços para ganhar a simpatia dos eleitores dos seis estados, especialmente do Michigan. Foram comícios, eventos de campanha, até mesmo uma mesa redonda realizada por Bernie Sanders para falar do coronavírus — a principal bandeira do pré-candidato é a implementação de um sistema universal de saúde.

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Hoje, uma das principais críticas ao plano de ação dos EUA contra o vírus é o alto custo dos exames, alguns podem custar até US$ 3 mil. Por questão de segurança, inclusive, os dois candidatos cancelaram eventos de campanha em Ohio, onde a primária acontece na semana que vem. No mesmo dia, ocorrem primárias na Flórida, Arizona e Illinois. Biden aparece na frente em todas as pesquisas. O próximo debate entre os dois candidatos, no estado do Arizona, também será sem público. 

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