Local onde o avião caiu no irã
Tasnim News Agency/Mohmood Hosseini
Local onde o avião caiu no irã

  O primeiro-ministro do Canadá , Justin Trudeau, afirmou nesta quarta-feira ter recebido informações de "múltiplas fontes de inteligência" de que o Boeing 737-800 foi derrubado pelo Irã, provavelmente de "forma não-intencional".

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Em discurso na capital, Ottawa, ele defendeu ainda uma ampla investigação internacional, mas ressaltou que está em contato permanente com a chancelaria iraniana. O avião da Ukraine International Airlines caiu perto do aeroporto internacional de Teerã-Imam Khomeini, na capital do Irã,  com 176 pessoas a bordo na madrugada de quarta (7). Ninguém sobreviveu.

Segundo o premier, tudo indica que as caixas-pretas vão permanecer no Irã — Teerã havia se negado a fornecer os equipamentos para a Boeing e, em tese, possui capacidade de extrair as informações, mas já sinalizou que pode pedir ajuda ao exterior. Trudeau diz acreditar que investigadores de outros países terão acesso aos dados, e deixou claro que seu governo "não vai descansar" até que obtenha respostas. Ao todo, havia 63 cidadãos canadenses a bordo.

Apesar das declarações, Trudeau considerou "cedo" para apontar culpados ou chegar a conclusões.

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As palavras do líder canadense vieram logo depois de autoridades do governo dos EUA revelarem à imprensa que acreditam na hipótese de que a aeronave tenha sido abatida pelo sistema antiaéreo iraniano. Sem se identificar, um funcionário afirmou que foram identificados dois lançamentos de mísseis perto do horário em que o Boeing 737-800 caiu, seguidos por evidências de uma explosão.

Os representantes dos EUA, que não se identificaram,  também dizem que se tratou de um lançamento acidental. As informações não foram confirmadas oficialmente pelo governo. O presidente Donald Trump disse a jornalistas que "alguém pode ter cometido um erro", e disse ter suspeitas de que "algo muito terrível pode ter acontecido".

Mísseis russos

Mais cedo, o governo da Ucrânia dissera que investiga quatro cenários para a queda do avião ucraniano, incluindo um atentado terrorista e que a aeronave tenha sido atingida acidentalmente por um míssil de defesa antiaérea. Kiev disse que quer fazer buscas no local da queda para verificar se há destroços de um míssil russo usado pelos militares do Irã. As outras hipóteses são uma explosão do motor ou uma colisão.

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Uma equipe de especialistas ucranianos chegou a Teerã, capital do Irã , antes do amanhecer para participar da investigação.

Nesta quinta (8), a Organização da Aviação Civil (OAC) iraniana disse que o avião fez meia-volta para retornar ao aeroporto devido a um problema. "O avião desapareceu dos radares no momento em que atingiu uma altitude de 2.400 metros. O piloto não transmitiu nenhuma mensagem de rádio sobre circunstâncias incomuns", disse a OAC no primeiro relatório da investigação preliminar do acidente. "De acordo com testemunhas oculares, houve um incêndio no avião que se tornou mais intenso."

O chefe da organização, Ali Abedzadeh, considerou "ser impossível" o avião ter sido abatido, e que dezenas de aviões nacionais e estrangeiros estavam sobrevoando o território naquele momento.

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As testemunhas citadas pela OAC são pessoas em terra que observavam o avião decolar e outras que estavam em um avião que voava a uma altitude mais alta do que o Boeing no momento da tragédia. "O avião que se dirigia, a princípio, para o oeste para sair da zona do aeroporto virou à direita, devido a um problema, e estava voltando para o aeroporto quando caiu", relatou a OCA.

Segundo o New York Times , as autoridades iranianas convidaram o Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos EUA para ajudar na investigação. Pelas normas internacionais sobre acidentes aéreos, o Irã tem o direito de comandar o inquérito e de negar ou autorizar a participação de outros países. 

Informações na internet

Segundo o secretário do Conselho de Segurança da Ucrânia, Oleksiy Danylov, os investigadores pediram para procurar possíveis mísses russos após verem informações na internet. Ele referia-se a informações que circulam nas redes sociais iranianas que, supostamente, mostram destroços de um foguete russo terra-ar Tor-M1, tipo usado pelos militares iranianos.

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O presidente ucraniano, no entanto, alertou contra todas as "especulações" sobre a tragédia. Nesta quinta-feira, Zelenski decretou um dia de luto nacional e prometeu estabelecer "a verdade" sobre o episódio.   Zelenski, disse que falou com o colega do Irã, Hassan Rouhani, e que este lhe garantiu que especialistas do seu país terão "acesso completo" à investigação.

A avaliação inicial de agências de inteligência ocidental era a de que o avião teve um problema técnico e não foi alvo de um atentado ou um míssil.

O voo PS752 da UIA decolou às 6h10 (23h40 de terça-feira no horário de Brasília) do aeroporto Imam Khomeiny, de Teerã, com destino ao aeroporto Boryspil, de Kiev. A decolagem aconteceu quase cinco horas depois do ataque iraniano com mísseis a bases iraquianas que abrigam soldados americanos, que ocorreu à 1h20 de quarta-feira, no horário local.

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Segundo a diplomacia ucraniana, havia 82 iranianos, 63 canadenses, dez suecos, quatro afegãos e três britânicos a bordo do Boeing. Outros 11 eram ucranianos, incluindo nove tripulantes.

A CAO indicou que 146 passageiros tinham passaporte iraniano; 10, passaporte afegão; cinco, passaporte canadense; quatro, sueco; e 11, ucraniano.

A diferença é explicada pela presença de inúmeras pessoas com dupla nacionalidade (entre elas, a priori, 140 iraniano-canadenses), que podem entrar e sair da República Islâmica apenas mediante a apresentação de seu passaporte iraniano.

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Este é o primeiro acidente fatal da Ukraine International, uma empresa que pertence, em parte, ao oligarca Igor Kolomoiski, conhecido como próximo ao presidente Zelenski. Afetada por um escândalo em torno de seu 737 MAX, a Boeing disse que está "disposta a ajudar por todos os meios necessários".

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