Depois de 14 dias de espera no Mediterrâneo , o navio humanitário Ocean Viking, com 356 imigrantes a bordo, poderá desembarcar na ilha de Malta. A confirmação foi dada pela organização Médicos Sem Fronteiras , que já havia tinha alertado para o fato de o barco estar ficando sem mantimentos e sem recursos para aguentar mais dias no mar. Seis países da União Europeia irão receber os imigrantes, a maioria menores de idade vindos do Sudão.
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Inicialmente, Malta se recusou acolher os imigrantes e negou o desembarque. A Itália, por sua vez, deixou sem resposta todos os pedidos efetuados até agora. Na terça-feira (20), o promotor-chefe da região italiana de Agrigento, Luigi Patronaggio, determinou que outro navio de resgate humanitário, o Open Arms — ancorado há 19 dias ao largo da ilha deLampedusa — seja apreendido e os cerca de 90 imigrantes a bordo, retirados.
No comunicado, a Médicos Sem Fronteiras também pediu um “mecanismo de desembarque” adequado, agradecendo aos países da União Europeia que já se disponibilizaram para acolher alguns dos imigrantes, na sua maioria menores de idade.
“Portugal, França, Alemanha, Romênia e Luxemburgo são os países que manifestaram até agora disponibilidade para receber algumas das pessoas deste grupo, num gesto de solidariedade humanitária e de desejo comum de fornecer soluções europeias para a questão da migração e das tragédias humanas que se verificam no Mediterrâneo”, revelaram os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna do governo de Malta num comunicado conjunto. Ao grupo de cinco países juntou-se nesta sexta-feira (23) a Irlanda.
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Os imigrantes são provenientes, na sua maioria, do Sudão, afirmou nesta sexta o primeiro-ministro maltês, Joseph Muscat, que destacou que todos serão recolocados em outros países membros e nenhum permanecerá em Malta.
“Depois de discussões na Comissão Europeia e com alguns Estados-membros, como França ou Alemanha, Malta aceitou ser parte da solução para o Ocean Viking ”, escreveu. “Malta vai transferir essas [356] pessoas para embarcações das Forças Armadas maltesas que as transportarão para terra firme, fora de território maltês.
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Impasse gera crise na Itália
Na Itália, o impasse causada por outro navio humanitário , o Open Arms , culminou com a renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte, anunciada no começo desta semana, depois de dois meses de pressões do vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, Matteo Salvini , m inistro do Interior e líder do partido de extrema direita Liga .
Na semana passada, Conte anunciou ter chegado a acordo com seis países europeus — França, Alemanha, Espanha, Romênia, Portugal e Luxemburgo — para receber os imigrantes e acusou Salvini , de provocar o impasse com fins eleitorais.
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Salvini insiste em manter a política de “portos fechados” de olho em uma eventual nova eleição no país após, animado com alta nas pesquisas de opinião, praticamente implodir a atual coalizão de governo com os populistas do Movimento Cinco Estrelas (M5S)