Dois ataques em massa que deixaram 29 mortos noTexas e em Ohio
em menos de 13 horas ressoaram na arena política americana, com exigências dos democratas por leis de
armas mais rigorosas e acusações contra o presidente Donald Trump de alimentar tensões raciais.
O suspeito do ataque em um Wallmart na cidade fronteiriça de El Paso , identificado como Patrick Crusius, 21 anos, escreveu um manifesto de ódio contra imigrantes, compartilhado em um fórum on-line apenas 20 minutos antes do primeiro ataque, a poucos quilômetros da fronteira dos EUA com o México, lugar de entrada ilegal no país, o que Trump luta contra desde o início de seu mandato.
O FBI está investigando o caso como um possível crime de ódio e ato de terrorismo doméstico. Dos 20 mortos em El Paso, seis eram mexicanos .
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No fim de semana, vários pré-candidatos democratas estabeleceram conexões entre o tiroteio e o ressurgimento do nacionalismo branco e da política xenofóbica nos Estados Unidos. Nas últimas semanas, Trump vem sendo acusado de racismo após ataques a membros do Congresso que são de minorias raciais ou étnicas .
"Os Estados Unidos estão sob ataque do terrorismo nacionalista branco", disse o prefeito Pete Buttigieg, de South Bend, Indiana, em evento em Las Vegas.
Rod Rosenstein, ex-vice-procurador-geral, escreveu no Twitter que “matar civis aleatórios para espalhar uma mensagem política é terrorismo”: “O FBI classifica como terrorismo doméstico, mas ‘terrorismo branco’ é mais preciso”.
Trump, por sua vez, não rebateu as críticas e ordenou que as bandeiras no país ficassem a meio mastro por cinco dias.
No Twitter, disse que o crime em El Paso foi “um ato de covardia” praticado por um “doente” e que as autoridades estaduais e locais estavam trabalhando para investigar os dois ataques. Mas, nas redes sociais, começou a circular um discurso do presidente de maio deste ano, em que ele chama os imigrantes que chegam ao país em caravanas da América Central de invasores. Alguém na multidão grita: “atire neles”. O presidente e a plateia riem.
O atirador de El Paso vivia em Allen, a cerca de 1.046 quilômetros do local do crime, e dirigiu por dez horas para chegar ao centro comercial. Com quatro páginas e 2.300 palavras, o manifesto publicado no 8chan — um fórum de mensagens repleto de conteúdos preconceituosos — apresenta visões nacionalistas e racistas , alegando que existe uma “invasão hispânica no Texas”. O texto acusa imigrantes e americanos de primeira geração de tirar empregos e misturar culturas nos EUA.
O segundo crime aconteceu em Dayton, Ohio
, onde nove pessoas morreram e outras 27 ficaram feridas depois que um homem armado começou a atirar no centro da cidade, por
volta das 2h deste domingo, numa área que concentra bares e restaurantes. O autor dos disparos, Connor Betts, de 24 anos, foi morto a tiros pela polícia. Sua irmã, Megan Betts, de 22, está entre os mortos e a polícia investiga se ela seria a motivação do crime.
Uma das marcas da Presidência de Trump foi sua determinação em conter a imigração ilegal
. Por isso, o ataque em El Paso também aumenta as tensões em uma cidade predominantemente latina que já enfrentava as frequentes batidas do governo. Após a confirmação da nacionalidade de seis vítimas mexicanas, o presidente Andrés Manuel
López Obrador disse que os problemas sociais não devem ser enfrentados com “uso da força e incitamento ao ódio”.
"Temos que procurar resolver nossos problemas com fraternidade", afirmou em um evento público no estado de Michoacán.
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Seu chanceler, Marcelo Ebrard, foi mais enfático e disse que o México tomará medidas judiciais “imediatas, rápidas e contundentes” para “exigir a proteção de seus cidadãos nos EUA”.
Ex-congressista do Texas e pré-candidato democrata, Beto O’Rourke acusou a retórica anti-imigração de Trump de alimentar as divisões. "Ele é aberta e declaradamente racista e está encorajando mais racismo neste país", afirmou.
Na mesma linha, o senador Cory Booker, também pré-candidato, disse na CNN que “Donald Trump é responsável por isso”.
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O chefe de Gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, por sua vez, rebateu as acusações contra Trump e atribuiu os tiroteios a indivíduos “doentes”. "Não há nenhum benefício em tentar fazer disso uma questão política. É uma questão social e precisamos abordá-la dessa forma", disse.