Parentes dos seis brasileiros encontrados mortos em um apartamento de Santiago, no Chile, embarcaram do Brasil para reconhecer os corpos no país vizinho. Os turistas morreram intoxicados após vazamento de gás no imóvel na última quarta-feira. De acordo com o advogado da família, Mirivaldo Aquino de Campos, ele e familiares das vítimas seguiram para a capital chilena nesta segunda-feira (27).
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Tio da goiana Adriane Kruger, uma das vítimas da tragédia no Chile , Samuel Kruger é um dos representantes da família em Santigo. Ele destacou que o grupo deve realizar o reconhecimento de corpos já nesta terça-feira e finalizar os trâmites burocráticos para trazê-los de volta ao Brasil.
"A informação que nós temos é que faremos o reconhecimento (dos corpos). Depois, será lavrada a certidão chilena de óbito e, posteriormente, a (documentação) brasileira, para que aí os corpos sejam liberados", contou Samuel.
O Consulado do Brasil no Chile informou que vai dar apoio legal aos familiares e ceder um tradutor para o contato com as autoridades chilenas. A plataforma de aluguel por temporada AirBnB , pela qual os brasileiros reservaram o imóvel, se comprometeu a pagar pela viagem dos parentes das vítimas e pelo translado dos corpos de volta ao Brasil. Os parentes arrecadaram mais de R$ 17 mil em uma vaquinha online para os funerais.
Moradores de Biguaçu, na Grande Florianópolis, Fabiano de Souza, de 41 anos, Débora Muniz Nascimento de Souza, de 38, e os dois filhos, Karoliny Nascimento de Souza e Felipe Nascimento de Souza, haviam viajado a Santiago para comemorar o aniversário da adolescente , que completaria 15 anos dois dias depois da morte. Com a família estavam Jonathas Nascimento Kruger, de 30 anos, e a mulher, Adriane, de 27, que viviam em Hortolândia, São Paulo. Jonathas era irmão de Débora e padrinho de Karoliny.
Os últimos posts de Débora nas redes sociais exaltavam o amor e a união da família. Fotos publicadas na web mostram passeios da família no Chile.
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Antes de passarem mal e perderem o contato com parentes, os brasileiros planejavam o retorno ao Brasil. Eles haviam recebido a notícia da morte da matriarca da família, Iete Isabel Muniz, em Santa Catarina, vítima de câncer. Ela era mãe de Débora e Jonathas, avó da debutante. Segundo a prima Noemi Fortunato Nascimento, as vítimas pretendiam acompanhar a despedida dela, na quarta-feira.
"Quando tudo estava acontecendo lá no Chile, nós estávamos velando a mãe deles aqui no Brasil. Eles iriam voltar para o velório", contou Noemi.
Depois das queixas de mal-estar, os turistas não mais responderam às ligações e mensagens da família no Brasil. Os parentes então resolveram buscar a ajuda da plataforma AirBnB e da representação diplomática brasileira na cidade. Acionaram o telefone de emergência do consulado, e o cônsul-adjunto decidiu ir pessoalmente ao prédio da rua Santo Domingo. As janelas do imóvel estavam fechadas. Ele sentiu o odor de gás e encontrou os corpos.
Segundo as autoridades chilenas, a família brasileira inalou uma alta concentração de monóxido de carbono, um gás que não emite odor, mas pode ser fatal. A Superintendência de Eletricidade e Combustível (SEC) do Chile confirmou à agência de notícias France Presse que o prédio não tinha o "selo verde" — o certificado de funcionamento regular do sistema de gás.
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