Antes de deixar Hortolândia para aproveitar fériasem Santiago, no Chile, no interior de São Paulo, o casal Jonathas Muniz e Adriana Kruger usou suas economias para comprar o
terreno onde construiria sua casa. Com o imóvel pago, os dois se empenhariam, assim que voltassem da viagem, em juntar mais dinheiro para construir a casa onde pretendiam morar.
Casados há menos de três anos, o casal
frequentava a Igreja Adventista da Cidade. Ontem, fiéis estavam em choque com a tragédia que terminou na morte dos dois e de mais quatro
familiares
após vazamento de gás no apartamento que alugaram para aproveitar as férias na capital chilena.
Segundo familiares, os dois dedicavam seu dia a dia à religião. Moravam na cidade do interior de São Paulo desde o casamento: ele era chefe do Departamento de Pessoal do
Instituto Adventista de Tecnologia (IATec), e ela acabara de se formar em Engenharia Civil. Moravam em um apartamento a cerca de 300 metros do do terreno que hoje abriga não
apenas o IATec, mas uma universidade ligada aos adventistas, uma escola e um templo.
Com o diploma de Engenharia nas mãos, o principal plano de Adriane seria a construção da nova casa, perto do local de trabalho. Ela estava trabalhando no projeto do imóvel. Os
dois ainda frequentavam outra Igreja Adventista
, menor, também próxima à sua casa.
Vizinhos e comerciantes lembram do casal, mas afirmam que eram reservados. O bairro é formado majoritariamente por fiéis da mesma denominação religiosa - quase 90%, segundo
moradores. Os dois se conheceram em um evento da própria Igreja, quando Jonathas ainda cursava Direito. As duas famílias são de Santa Catarina. Em novembro de 2016, se casaram e
foram para o interior de São Paulo, onde Jonathas já estava há um ano e meio.
Sem filhos, eram apaixonados pelos dois sobrinhos também vítimas da tragédia. Luciane Pinheiro Kruger, irmã de Adriane, lembra que os dois tinham um carinho especial pelos
jovens. Além do casal, também morreram na tragédia Debora de Souza (irmã de Jonathas) e Fabiano de Souza, além de seus filhos, Felipe e Karoliny. A viagem, segundo Luciane, era
uma promessa feita para a sobrinha pelo aniversário de 15 anos.
A viagem quase foi cancelada em razão da situação clínica da mãe de Jonathas. A decisão de ir para o Chile
ocorreu porque tudo já estava organizado. Um dia antes da morte dos
seis no Chile, a mãe de Jonathas morreu em Santa Catarina. A família estava planejando o retorno ao Brasil para acompanhar o velório
.
"Eles eram um casal exemplo. Nunca vi brigarem. E o Jonathas era sempre muito carinhoso. Eles eram apaixonados", diz Luciane Kruger.
Nas redes sociais do casal, há várias imagens de viagens feitas por ambos, para cidades como Barra da Lagoa e Rio de Janeiro, além de cidades do interior de São Paulo. Jonathas
era fã de trilhas. As fotos mais recentes são justamente da viagem ao Chile: imagens nos Alpes e na capital chilena.
Em nota, o IATec lamentou o falecimento do funcionário. Segundo o instituto, ele estava em seu período de férias. O IATec afirmou ainda que está oferecendo todo tipo de apoio
aos familiares. "Como uma instituição cristã, confiamos em Deus e acreditamos na esperança da ressurreição e na breve volta de Jesus Cristo", diz o comunicado.
No Brasil, familiares tentam convencer as autoridades brasileiras e chilenas a realizar o traslado de todos os corpos juntos, o que a família não teria condições de fazer, além
de realizar o velório. A empresa Airbnb, por onde a família reservou o apartamento no Chile, informou que pagará todas as despesas de traslado
. Ainda não há informações sobre
data e local do velório e sepultamento do casal
e das outras quatro pessoas.