O italiano Cesare Battisti já está sendo levado para Rebibbia, um presídio na periferia de Roma, onde ele deverá cumprir a pena de prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970. O avião que levava o italiano e decolou da Bolívia, onde ele foi capturado , pousou no aeroporto de Ciampino, também nas imediações da capital italiana, por volta das 08h40 da manhã desta segunda-feira (14). Ele nega que tenha cometido os assassinatos e se diz vítima de perseguição política em seu país natal.
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Cesare Battisti foi preso em Santa Cruz de La Sierra (na Bolívia), após ser considerado foragido no Brasil e ter sua extradição decretada ainda pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) depois que o atual presidente Jair Bolsonaro (PSL) tornou o caso uma pauta nacional e prometer que faria tão logo tomasse posse.
Após ser capturado no país vizinho com a ajuda do setor de inteligência da Polícia Federal (PF) brasileira, ele foi entregue às autoridades italianas e embarcou no domingo (13) para a Itália em um voo sem escala no Brasil, como estava inicialmente previsto. O jornal La Repubblica relatou que conversou com oficiais que estavam no avião que transportou o italiano e que Battisti não demonstrou sinais de desespero durante o voo. Ele ficou quieto e dormiu por horas.
Na Itália, a polícia montou um forte esquema de segurança para levá-lo do aeroporto até o presídio na periferia de Roma . No trajeto, patrulhas fecharão os acessos para que o comboio chegue rapidamento ao presídio e não haja nenhuma tentativa de fuga, informou o jornal italiano Corriere della Sera . Apesar disso, Cesare Battisti desceu do avião sem utilizar algemas. Mais de 200 jornalista de vários lugares do mundo acompanhavam o caso do aeroporto e relataram que existe um clima de tensão uma vez que o italino já conseguiu fugir da cadeia uma vez no passado.
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Condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália na década de 1970, Battisti poderá desfrutar de alguns benefícios como sair da cadeia por curtos períodos se apresentar bom comportamento depois de ter cumprido 10 anos de pena, já que seus crimes foram cometidos antes de 1991 quando houve uma mudança na legislação italiana.
Apesar da sentença de prisão perpétua, pelas leis italianas, o condenado não deverá ficar mais de 30 anos preso. Ele deverá ficar isolado nos primeiros seis meses numa ala do presídio para terroristas e terá direito a pedir liberdade condicional após cumprir 26 anos de prisão.
O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, que ontem agradeceu o Brasil pelo "grande presente" estava presente no aeroporto, conforme tinha prometido, mas não sei encontrou pessoalmente com Battisti. Uma das principais liderança de extrema-direita da Europa, o vice-premier italiano chama Battisti de "assassino comunista".
Também no aeroporto, segundo relatos da imprensa italiana, o criminoso capturado afirmou aos funcionários do serviço antiterrorismo que "agora eu sei que vou para a cadeia", disse.
Além disso, como Cesare Battisti nunca chegou a comparecer ao julgamento e acabou sendo condenado à revelia, sua defesa poderá pedir um novo julgamento. Nesse caso, porém, Battisti deverá aguardar uma possível nova sentença, já preso.
Entenda o caso de Cesare Battisti
Preso na Bolívia na manhã deste domingo (13)
após ser apontado como foragido desde que perdeu o direito de refugiado político pelo governo brasileiro
, Cesare Battisti foi condenado na Itália por terrorismo e participação em quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando o país enfrentava problemas ligados à violência política.
A primeira vítima foi Andrea Santoro, um marechal da polícia penitenciária de 52 anos. Ele vivia uma vida tranquila com a mulher e três filhos em Údine, mas, em 6 de junho de 1978, foi morto pelo grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), um braço das Brigadas Vermelhas usado na maioria dos crimes de Cesare Battisti na época em que ele era filiado.
Segundo os investigadores, os assassinos o esperaram na saída da prisão e o balearam. A Justiça diz que Battisti e uma cúmplice foram os autores dos disparos, e os dois teriam trocado falsas carícias até o momento do atentado.
Em 16 de fevereiro de 1979, os PAC fizeram uma ação dupla, matando o joalheiro Pierluigi Torregiani, em Milão, e o açougueiro Lino Sabbadin, em Mestre, parte de Veneza que fica em terra firme. Na reivindicação, o grupo disse ter "colocado fim" à sua "esquálida existência".
Tanto o joalheiro quanto o açougueiro haviam matado ladrões a tiros em tentativas de roubo, e os atentados teriam sido uma vingança. "Finalmente, acredito que dessa vez é de verdade. Acho que hoje é um bom dia", disse à ANSA o filho de Torregiani, Alberto, que estava com o pai no dia do ataque e acabou paraplégico.
"Não quero nem falar em perdão, é uma palavra que Cesare Battisti deve aprender", reforçou o filho de Sabbadin, Adriano. "É um momento de satisfação depois de 40 anos de espera", disse. O açougueiro era militante do partido neofascista Movimento Social Italiano (MSI).
A quarta vítima era o policial Andrea Campagna, morto em 19 de abril de 1979, em Milão. Um desconhecido se aproximou do agente e disparou a sangue frio.
"Esperamos que desta vez ele seja extraditado", disse o irmão de Campagna, Maurizio, nesta final de semana demonstando que ainda estava cético quanto à possibilidade de Battisti cumprir sua pena.
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Quando ainda tinha seu paradeiro conhecido, o italiano declarou-se inocente e alvo de perseguição política em seu país. Ele fugiu da penitenciária de Frosione, perto de Roma, onde cumpria pena pela morte do joalheiro e saiu da Itália escondido em 1981 quando pediu refugiu na França.
No ano seguinte, ele se mudou para o México, mas retornou à França em 1990 quando passou a atuar como escritor de livros policiais. Em 2005, porém, ele decidiu deixar a Europa após o Conselho de Estado da França ter autorizado a extradição dele para a Itália. É nessa ocasião que ele consegue entrar no Brasil.
Aqui, em 2007, ele acaba preso pela Polícia Federal que monitorava seus movimentos e começa a cumprir prisão preventiva (sem prazo determinado) enquanto aguarda uma posição final sobre o pedido de extradição apresentado por Roma ao Palácio do Planalto.
Em 2009, porém, o terrorista conseguiu obter o status de refugiado político através da intervenção do então ministro da Justiça do governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), Tarso Genro, baseado no "fundado temor de perseguição por opinião política".
A decisão causou polêmica pois contrariava a decisão do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) e foi alvo de diversos processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Só no fim daquele mesmo ano, o STF julgou "procedente" o pedido de extradição feito pela Itália, mas deixou a palavra final para o presidente da República, como é típico em casos como esse.
No seu último dia de mandato, por sua vez, Lula negou a solicitação do governo italiano e permitiu que o criminoso deixasse a penitenciária da Papuda, em Brasília, em junho de 2011, após ficar quatro anos na cadeia à espera de uma posição das autoridades brasileiras sobre o pedido de extradição. A decisão de Lula gerou mal-estar diplomático com a Itália, que se estendeu por todo o governo de sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Com o impeachment de Dilma e sua substituição pelo então vice-presidente Michel Temer (MDB), porém, a Itália retomou as conversas em torno do pedido de extradição de Battisti, mas no momento em que identificou as movimentações diplomáticas entre Brasil e Itália, a defesa do italiano se antecipou e pediu ao STF uma liminar para impedir sua entrega para as autoridades do país europeu.
Na ocasião, o relator do caso, ministro Luiz Fux concedeu a liminar pedida pela defesa, mas depois também foi o responsável por revogar a decisão, já no fim do ano passado, abrindo caminho para que ele fosse considerado foragido pela justiça brasileira depois que a Polícia Federal fez buscas nos seus endereços oficiais de Battisti, mas não foi capaz de localizá-lo Após dias de buscas, a Polícia Federal divulgou 20 simulações sobre a possível aparência do italiano.
O terrorista italiano Cesare Battisti, de 64 anos, foi capturado enquanto caminhava tranquilamente pelas ruas, usando uma barba falsa, na Bolívia na noite deste sábado (12), em Santa Cruz de La Sierra, uma das principais cidades do país. De acordo com as autoridades da Itália, a detenção foi possível pela parceria entre investigadores italianos e bolivianos.
Segundo relatos, Cesare Battisti não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa.
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A Polizia di Stato da Itália publicou em suas redes sociais um vídeo do terrorista andando pelas ruas. "Cesare Battisti levado de volta antes da captura. Equipes de policiais #Criminalpol #Antiterrorismo e #Digos Milano com colaboração de inteligência italiana o seguiram até a prisão pela polícia boliviana", diz o post no Twitter.