Greve na USP: Reitoria promete contratar professores em 45 dias
Cecília Bastos/Usp Imagens
Greve na USP: Reitoria promete contratar professores em 45 dias

Em reunião realizada nesta terça-feira (04), a Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) assumiu o compromisso de disponibilizar 1027 vagas para professores. Adicionalmente, 148 novas vagas de docentes temporários em até 45 dias serão distribuídas conforme as necessidades de cada unidade, sem a necessidade de seguir o edital de excelência e mérito.

Os alunos concentram suas demandas em cinco principais áreas: contratação de mais professores, aumento do auxílio para a permanência estudantil, melhorias estruturais na USP Leste, realização de vestibular para indígenas e valorização dos direitos estudantis.  Os alunos têm nova assembleia agendada para segunda-feira (9).

Representantes estudantis se comprometeram a apresentar as propostas da reitoria em suas assembleias, que por votação que possuem autoridade para decidir sobre a aceitação dos termos. Ambas as partes acordaram em realizar uma nova reunião no dia 09 de outubro, segunda-feira, às 10:00, para negociar outros temas pendentes e finalizar as discussões sobre os assuntos já tratados.

Ao Portal iG, Davi Barbosa, diretor do DCE livre da USP,  declarou que a falta de professores diz respeito a uma política que a USP vem tendo nos últimos anos de não-contratação de docentes. Para ele, a falta de ampliação no orçamento para recompor o quadro de professores vem de muitas gestões, e por isso a universidade chega em 2023 como déficit tão grande, com reflexos em toda a universidade e com risco de cancelamento de cursos, como Obstetrícia, Japonês, Coreano e Artes Visuais.

“Todos os cursos da capital da USP aderiram à greve. Isso demonstra a força das reivindicações para contratação de professores, de mais permanência e mais auxílios são problemas que atravessam todas as unidades da universidade.”, defende.

“Muitas vezes criam uma imagem que os estudantes estão fazendo baderna, o que estão depredando a universidade. Sendo que, na verdade, a greve é um movimento pacífico legítimo reconhecido pela constituição federal do Brasil de 1988”, finaliza.

“A denúncia de falta de docentes é feita há bastante tempo, os dados de cancelamentos de disciplinas, atraso na formação de estudantes e as condições da sala de aulas, com turmas absolutamente lotadas, com estudantes sendo excluídos das disciplinas por não ter vagas adicionais, culminou na necessidade urgente de deflagrar a greve”, afirma Michele Schultz , presidente da Adusp e professora da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) em entrevista ao jornal A Greve, feito por alunos de jornalismo da Universidade de São Paulo.

Em nota para o Portal iG , a Associação dos/as Pós-Graduandos/as da Universidade de São Paulo da capital (APG-USP) defendeu que a falta de professores sobrecarrega os docentes que já trabalham na USP. “Existem inúmeras disciplinas optativas que chegam a ficar 10 anos sem oferecimento. Atualmente já sabemos até de disciplinas obrigatórias sendo canceladas”, apontam.

Além disso, a associação argumenta que os alunos dos cursos de pós-graduação são afetados de inúmeras formas. Segundo a nota, são poucas as disciplinas ofertadas no período noturno, uma vez que a vasta maioria é credenciada no período vespertino. “Os professores-orientadores se encontram sobrecarregados, têm muita dificuldade de fornecer orientação com maior qualidade; A falta de professores reflete a falta de abertura de concursos,  o que diz respeito diretamente ao horizonte profissional de talentos que não são absorvidos pela universidade enquanto docentes contratados por ela”, pontuam.

Os representantes estudantis se comprometeram a apresentar as propostas da reitoria em suas assembleias, que por votação que possuem autoridade para decidir sobre a aceitação dos termos. Ambas as partes acordaram em realizar uma nova reunião no dia 09 de outubro, segunda-feira, às 10:00, para negociar outros temas pendentes e finalizar as discussões sobre os assuntos já tratados.

Na última sexta-feira (29), a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA), a Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), a Faculdade de Odontologia (FOUSP) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) decidiram aderir ao boicote às aulas, contando com um amplo apoio em suas assembleias.

Essas instituições se uniram a outras 25 unidades já paralisadas na Cidade Universitária, no Butantã (zona oeste), e à Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), localizada na USP Leste, que também interrompeu suas atividades.

O Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (SINTUSP) e a Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (ADUSP) declararam apoio à greve e também paralisaram suas operações. Segundo o SINTUSP, houve insatisfação nas unidades da USP, especialmente em relação aos problemas com um acordo coletivo firmado com a reitoria, que pede a compensação de horas para datas de recessos e pontos facultativos.

Já a ADUSP mantém paralisação e indicativo de greve até a próxima assembleia, na quinta-feira. 05/10 Para o Portal iG, o SINTUSP declarou que vai marcar uma nova assembleia para a próxima semana.

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