O governo federal, especificamente o presidente Lula, formalizou a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do BACEN, substituindo Roberto Campos Neto. Uma vez sabatinado e aprovado pelo Senado, o novo presidente do BACEN cumpre um mandato de quatro anos.
Campos Neto esteve no centro de críticas ácidas e reiteradas por parte do PT e de economistas ligados à esquerda, de modo especial pela condução da política de juros. O atual presidente do BACEN adotou uma postura cautelosa, conservadora e rigorosa na condução dessa questão, e o resultado foi e é a manutenção da taxa de juros em 10,5% ao ano, um índice considerado alto pelo governo e algo que "dificulta o setor produtivo e a geração de empregos", como já afirmou o presidente Lula.
Essas críticas, porém, parecem ter sido esvaziadas pela realidade. As estimativa de crescimento do PIB vem sendo continuamente revisadas para cima e a geração de empregos segue em queda firme, atingindo em agosto o menor patamar em muito e muito tempo (6,8%).
Campos Neto sempre esteve certo? Se analisamos os resultados -- que obviamente não podem ser creditados de modo integral ao BACEN -- a resposta é sim. A postura austera do líder do banco oficial em foco transmitiu confiança ao mercado que reagiu positivamente.
Galípolo integra a comissão técnica, ao lado de Campos Neto. Participou de várias reuniões cujo objeto era fixar a taxa oficial de juros e, analisando essa sua participação, mais concordou do que divergiu de seu chefe na instituição. Justamente por essa atuação mais técnica, o mercado reagiu bem à sua indicação, sendo que a bolsa de valores bateu novo recorde no dia 28 de agosto, atingindo 137.000 pontos.
Resta saber se o indicado para a presidência do BACEN conseguirá manter a independência da instituição ante o governo e sua política econômica. Diferente de Campos Neto, Galípolo foi "gestado" politicamente no ministério da Fazenda de Haddad, ali atuando como seu braço direito até ser guindado ao BACEN. Só o futuro dirá se veremos a mesma independência da gestão atual, ou se veremos a busca de um alinhamento entre governo e BACEN.
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