Centenas de pessoas se concentraram em ao menos seis capitais brasileiras nesta sexta-feira (23) para protestar em defesa da Amazônia e contra a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O movimento foi motivado pelo crescimento na taxa de desmatamento e pelas queimadas que atingem a floresta amazônica há dias. Outros protestos estão marcados para acontecer neste fim de semana .
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Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas aumentaram no Brasil 82% em relação ao ano anterior, entre janeiro e agosto. Na Amazônia , estão concentrados mais de 50% dos focos de queimadas em 2019, de acordo com os dados do Programa Queimadas.
O maior ato aconteceu em São Paulo. Os manifestantes se reuniram no vão livre do Masp a partir das 18h e por volta das 18h20 ocuparam as faixas da Avenida Paulista, que foram fechadas nos dois sentidos. Pessoas de todas idades compareceram à manifestação, que adotou tom muito crítico contra o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles .
O funcionário público Jorge Carol, de 55 anos, falou com a reportagem do iG : "É impossível a gente admitir o governo incentivar o desmatamento, as queimadas. Desde as eleições, Bolsonaro faz apologia ao desmatamento. Também sempre se colocou contra as demarcações das terras e contra os povos indígenas", disse.
Manifestantes na Avenida Paulista chamam outras pessoas para o ato; assista
Usando máscara em simbolismo contra as queimadas, o arquiteto Igor Parsekian, 21, contou que distribuiu máscaras como forma de protesto. "A ideia é que todos se protejam como tribo não apenas com a fumaça, mas com as falas tóxicas do governo, das mentiras e difamações", disse ele, que entregou 120 peças do objeto.
Durante o ato, palavras de ordens como "fora, Salles" e "fora, Bolsonaro", foram entoadas pelos manifestantes. O presidente também foi xingado em diversos momentos. Por volta das 20h, o grupo começou a caminhar e desceram a Rua Augusta no sentido Jardins.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão participou do ato. "Não é a primeira vez que UNE luta pela Amazônia. Em 1990, fizemos a campanha 'A Amazônia é nossa'. Agora nós precisamos usar o potencial de mobilização dos estudantes para defender outras pautas importantes para o Brasil, como o Meio Ambiente. Queremos a saída do ministro Salles, responsável por essa destruição", afirmou.
Um professor que preferiu não se identificar lembrou do ambientalista Chico Mendes, o qual o atual ministro Ricardo Salles disse desconhecer. "Chico Mendes apareceu em uma época de desmatamento e queimadas como a que vivemos agora. Ele é um símbolo de resistência que precisa ser lembrado para lutar contra os desmandos. Um ministro do Meio Ambiente que diz que não conheceu Chico Mendes demonstra sua incopetencia e não deveria estar lá", salientou.
O ato foi encerrado em frente ao prédio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Ambientais (Ibama), na Alameda Tietê, por volta das 21h. A Polícia Militar não registrou tumultos e também não estimou o público presente.
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No Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro , manifestantes se reuniram com placas, faixas e cartazes na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal. Foram entoados gritos para a saída do ministro Ricardo Salles e do presidente Bolsonaro.
O grupo deixou a Cinelândia e caminharam em direção ao prédio do BNDES, interrompendo a circulação de automóveis em algumas vias. Muitas pessoas carregaram placas com o rosto do ambientalista Chico Mendes. Em seguida, os manifestantes retornaram à Cinelândia, onde encerraram o ato em defesa da Amazônia e contra Bolsonaro e Ricardo Salles.
Em Brasília
Na capital brasileira, centenas de manifestantes começaram a se reunir no fim da tarde na Rodoviária do Plano Piloto e, por volta das 18h, fecharam as seis faixas da via S1, no Eixo Monumental, e foram em direção ao prédio onde fica o Ministério do Meio Ambiente.
Grande parte dos manifestantes são servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), membros do Greenpeace, além de estudantes e pessoas comuns. Em frente ao prédio do ministério, imagens de queimadas e de fumaça preta foram projetadas em uma das paredes externas.
Indígenas também participaram do protesto. Diversas faixas e cartazes contra o presidente Jair Bolsonaro também foram vistos na manifestação. Por volta das 19h, a manifestação terminou em Brasília. A Polícia Militar não registrou incidentes.
Em outras cidades como Curitiba , um grupo indígena se apresentou e posteriormente houve uma caminhada com centenas de pessoas pelo centro. Em outras cidades do país também foram registrados protestos em defesa da Amazônia , bem como em capitais ao redor do mundo .
*Colaborou Yago Sales, em São Paulo