
Cães de rua que vivem na zona de exclusão de Chernobyl e chamaram atenção por aparecerem com a pelagem azulada provavelmente ficaram com essa coloração após rolar em um banheiro químico tombado. A explicação foi dada por voluntários locais que atuam no cuidado aos animais, após uma análise de um cientista.
Confira: Ataque russo danifica escudo protetor da usina de Chernobyl
O assunto repercutiu na internet nos últimos meses, em que internautas atribuíram a coloração à radiação do local. A informação foi desmentida pelo especialista em Ciências Biológicas Timothy A. Mousseau.
ONG desmente boatos

As imagens de três cães com pelos azulados viralizaram em outubro, após serem publicadas no Facebook pelo programa Dogs of Chernobyl (Cães de Chernobyl, em português) que, desde 2017, mantém ações de alimentação, vacinação e monitoramento dos cerca de 700 cães que vivem no entorno da usina onde ocorreu o desastre nuclear de 1986, na Ucrânia.
Com a repercussão, surgiram rumores de que a cor incomum poderia ser resultado de mutações radioativas. O pesquisador Timothy A. Mousseau, um dos cientistas ligados ao projeto, rebateu as especulações em postagem da organização nas redes sociais.
"Na realidade, a tinta azul provavelmente veio de um banheiro químico tombado, onde os cachorros estavam rolando nas fezes, como é comum entre eles (pense na caixa de areia dos gatos!). A coloração azul era simplesmente um sinal do comportamento anti-higiênico dos cães! Como qualquer dono de cachorro sabe, a maioria dos cães come praticamente qualquer coisa, inclusive fezes!", explicou.
Mutações nos cães de Chernobyl
Os animais que vivem na área são descendentes de cães deixados para trás quando os moradores foram evacuados após o acidente nuclear. Desde então, a fauna se expandiu na região, onde a presença humana permanece restrita devido aos altos níveis de radiação.
Um estudo publicado em 2024 identificou que alguns cães da zona de exclusão desenvolveram mutações associadas à resistência à radiação, poluentes e metais pesados.
Especialistas ressaltam que a radiação no local chega a ser seis vezes superior ao limite permitido para trabalhadores humanos e que a área deve permanecer inabitável por cerca de 3 mil anos.
