
Sete dos principais líderes do Comando Vermelho (CV) foram transferidos nesta quarta-feira (12) do Rio de Janeiro para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O grupo, condenado a um total de quase 430 anos de prisão, passará a cumprir pena em uma das unidades prisionais mais rigorosas do país, com rotina marcada por isolamento, vigilância constante e restrição total de comunicação externa.
Vigilância total e rotina controlada
A penitenciária federal de Catanduvas, conhecida pelo alto nível de segurança, possui sistemas de monitoramento por vídeo e captação de áudio em diversos pontos. Todos os deslocamentos e atividades dos presos são acompanhados por câmeras, e equipamentos como body scan, raio-x e detectores de metais são utilizados em todos os procedimentos.
Com capacidade para 208 detentos, o local abriga presos em celas individuais. Segundo o regulamento da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), os internos permanecem 22 horas por dia isolados, com apenas duas horas de banho de sol, sempre sob supervisão de agentes.

Itens de higiene, vestuário e alimentação não podem ser trazidos de fora, tudo é fornecido pela própria penitenciária. Além disso, qualquer saída da cela é acompanhada por revista pessoal, e a comunicação com o exterior ocorre apenas por videoconferência ou parlatório.
Isolamento inicial de 50 dias
Os sete chefes do CV passarão 50 dias em isolamento absoluto, período que faz parte do protocolo de ingresso em presídios federais. Durante esse tempo, não poderão receber visitas nem manter contato com outros detentos. O banho de sol será individual, em solários separados.
Os primeiros 20 dias são considerados de adaptação, quando cada preso é informado sobre as regras da unidade. Passada essa fase, podem solicitar visitas de familiares, um pedido que leva cerca de 30 dias para análise.
Durante a permanência, os detentos têm direito a seis refeições diárias, além de acompanhamento médico, odontológico, farmacêutico e psicológico.

Transferência com forte esquema de segurança
A remoção dos criminosos foi coordenada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap-RJ) e envolveu uma operação especial de transporte até o Aeroporto Internacional do Galeão, na zona norte do Rio.
Cerca de 40 agentes do Serviço de Operações Especiais (SOE), do Grupo de Intervenção Tática (GIT) e da Divisão de Busca e Recaptura (Recap) participaram da escolta. No aeroporto, a custódia foi assumida pela Polícia Federal, que levou o grupo em uma aeronave até o Paraná.
A transferência faz parte de um desdobramento da megaoperação contra o tráfico de drogas e armas nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio.
“Não vamos permitir que o Rio vire um resort do crime”, diz governador
Pelas redes sociais, o governador Cláudio Castro afirmou que a ação representa mais um passo no combate às facções criminosas.
“O enfrentamento ao crime é permanente. Não vamos permitir que o Rio de Janeiro vire um resort do crime”, declarou.
“Essa é mais uma etapa do trabalho para enfraquecer as facções, cortar suas conexões e devolver tranquilidade à população fluminense. A segurança pública é um desafio nacional que exige cooperação, inteligência e coragem”, completou.
Castro também mencionou que, por enquanto, apenas sete vagas foram disponibilizadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas deu a entender que novas transferências poderão ocorrer.
Quem são os presos transferidos
Os líderes do Comando Vermelho levados a Catanduvas são:
- Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho: condenado a 81 anos, 4 meses e 20 dias;
- Carlos Vinicius Lírio da Silva, o Cabeça de Sabão: 60 anos, 4 meses e 4 dias;
- Eliezer Miranda Joaquim, o Criam: 100 anos, 10 meses e 15 dias;
- Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho: 65 anos, 8 meses e 26 dias;
- Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, o My Thor: 35 anos, 5 meses e 26 dias;
- Alexander de Jesus Carlos, o Choque: 34 anos e 6 meses;
- Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha: 50 anos, 2 meses e 20 dias.
Depois do período em Catanduvas, parte do grupo será distribuída entre outros presídios federais de segurança máxima, localizados em Mossoró (RN), Brasília (DF), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).