Silvio Santos, um dos nomes mais emblemáticos da televisão brasileira, faleceu neste sábado (17), aos 93 anos. Fundador e proprietário do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Silvio construiu um império empresarial que abrange o Grupo Silvio Santos (GSS), um conglomerado bilionário que inclui marcas icônicas como Tele Sena, Baú da Felicidade e Jequiti.
Nascido Senor Abravanel no Rio de Janeiro, Silvio iniciou sua carreira como camelô, vendendo canetas e capas de plástico para títulos eleitorais em 1946. Sua habilidade em vendas e comunicação rapidamente o destacaram, levando-o a assumir o Baú da Felicidade em 1958. Esse foi o ponto de partida para a formação do Grupo Silvio Santos, que hoje opera em diversos setores, incluindo cosméticos, capitalização, mídia e hotelaria.
Em 2013, o grupo, que gerava vendas anuais de US$ 2 bilhões e possuía mais de 30 marcas, fez com que Silvio Santos fosse reconhecido pela Forbes como o “primeiro bilionário brasileiro da mídia”. Sua fortuna na época foi estimada em R$ 2,67 bilhões. Atualmente, seu patrimônio é avaliado em R$ 1,6 bilhão.
A Trajetória no mundo da televisão
A trajetória de Silvio Santos na televisão começou com seu trabalho como locutor na Rádio Guanabara, na década de 1950. Aos 20 anos, mudou-se para São Paulo e começou a colaborar na Rádio Nacional com Manuel de Nóbrega, que gerenciava o Baú da Felicidade. Silvio expandiu rapidamente o negócio e, em 1958, assumiu o controle total da empresa.
Paralelamente à sua carreira como apresentador, Silvio lançou o Programa Silvio Santos na TV Paulista em 1963. Quando a emissora foi adquirida por Roberto Marinho em 1965, o programa continuou na TV Globo e, em 1969, passou a ser transmitido em rede nacional. O programa permaneceu na Globo até 1976, quando Silvio deixou a emissora.
Durante esse período, Silvio também diversificou seus negócios com a criação da Baú Financeira (1969), que evoluiu para o banco PanAmericano, e a introdução da Tele Sena.
A TVS e o SBT
O desejo de Silvio Santos de ter sua própria emissora se concretizou em 1976 com a fundação da TVS. Com a obtenção de novas concessões de transmissão, a emissora evoluiu para o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), que estreou em 19 de agosto de 1981. O Programa Silvio Santos foi a atração inaugural.
O SBT, atualmente com 114 emissoras em todo o Brasil, alcança 70 milhões de lares. Ao longo dos anos, a programação da emissora incluiu sucessos como “Topa Tudo Por Dinheiro” e “Roda a Roda”, ambos apresentados por Silvio, além do “Domingo Legal”, comandado por Gugu Liberato até 2019.
Em setembro de 2022, Silvio passou a ser substituído por Patricia Abravanel, sua filha, na apresentação do programa dominical, enquanto Daniela Beyruti, outra filha de Silvio, assumiu a direção da emissora.
O SBT sempre foi um ativo fundamental do Grupo Silvio Santos, e, em 2013, 22% da fortuna de Silvio, conforme a Forbes, provinham da rede de televisão.
A Jequiti e o mercado de cosméticos
Silvio Santos lançou a Jequiti em outubro de 2006, entrando no competitivo mercado de cosméticos, que era dominado por grandes marcas como Natura e Avon. A Jequiti, com seus produtos acessíveis para banho, rosto, corpo, cabelos e maquiagem, se estabeleceu como uma das principais empresas do setor no Brasil. Com 260 mil consultoras e um valor de mercado estimado em cerca de R$ 450 milhões, a empresa está atualmente em negociação para uma possível venda para a farmacêutica Cimed.
A Jequiti é a segunda linha de cosméticos adquirida pelo Grupo Silvio Santos, que já havia adquirido a SSR Comércio de Cosméticos em março de 2006, licenciada para produzir cosméticos com a marca Disney e dona da marca Hydrogen.
O Banco PanAmericano
Em janeiro de 2011, Silvio Santos anunciou a venda do banco PanAmericano, após uma série de controvérsias. Em suas palavras: “Não podia deixar de vender. Porque o meu banco não deu prejuízo para ninguém. O meu banco teve um bom comportamento. Talvez tivesse sido mal administrado, e essa má administração provocou aquilo que todos vocês conhecem.”
Após o Banco Central identificar um rombo nas contas da instituição em novembro de 2010, o PanAmericano recebeu um aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), com os ativos do Grupo Silvio Santos como garantia. O Banco Central apontou que o PanAmericano inflacionava seus resultados financeiros com operações que já haviam sido vendidas a outros bancos.
Silvio comentou em 2011: “Agora eu estou livre. A televisão [SBT] que vocês queriam comprar, ou que alguém queria comprar, não está mais à venda. A Jequiti não está mais à venda. As Lojas do Baú não estão mais à venda. A única coisa que foi vendida foi o banco.”
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