Ministro do STF, Alexandre de Moraes, era um dos principais alvos dos golpistas
Nelson Jr./SCO/STF
Ministro do STF, Alexandre de Moraes, era um dos principais alvos dos golpistas

A Polícia Federal descobriu a existência de uma minuta golpista que previa a prisão de autoridades como os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF); e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal.

Além disso, o texto do que seria um decreto (caso o golpe planejado se concretizasse) também previa a realização de novas eleições, destituindo o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As informações constam da decisão de Alexandre de Moraes que embasa e autoriza a operação Tempus Veritatis , deflagrada nesta quinta-feira (8) contra  militares e ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL). Após analisar o texto, Bolsonaro teria pedido para retirar as citações a Mendes e Pacheco, mantendo apenas o pedido de prisão contra Alexandre de Moraes. 

Além de realizar a prisão de assessores do ex-presidente e fazer busca e apreensão nas casas de aliados que faziam parte do governo, Moraes também determinou que Bolsonaro está proibido de falar com os demais investigados, de sair do Brasil e será obrigado a entregar seu passaporte .

De acordo com a investigação da Polícia Federal,  Filipe Martins (preso) e Amauri Feres (alvo de buscas) foram os responsáveis por entregar a minuta ao então presidente.


A corporação também informou que toda a agenda do ministro Moraes era acompanhada em detalhes pelo grupo, para assegurar a prisão dele caso o golpe militar arquitetado obtivesse êxito.

A investigação também revelou que militares da ativa estavam pressionando aqueles que se opunham à trama golpista na tentativa de induzi-los a aderir ao movimento.


No que diz respeito ao financiamento, a PF descobriu que o PL, partido de Bolsonaro e de Valdemar Costa Neto (alvo de buscas), foi usado para financiar os ataques às urnas eletrônicas e o questionamentos ao resultado da eleição presidencial.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, também recebeu um pedido para que ele doasse R$ 100 mil para ajudar a organizar e bancar a tentativa de golpe. 


Tempus Veritatis 

A operação deflagrada nesta manhã, cujo nome vem do Latim e significa “hora da verdade”, cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão nos estados do Amazonas, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul, do Ceará, do Espírito Santo, do Paraná, de Goiás e no Distrito Federal.

Há, ainda, outras 48 medidas cautelares, como proibição de contato entre os investigados, retenção de passaportes e suspensão dos cargos públicos.

Confira, a seguir, quem são os alvos da busca e apreensão:

General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;

General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;

General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;

Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha (veja o que ele disse sobre a operação);

Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;

Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, visto como um dos pilares do “gabinete do ódio”;

Ailton Barros, coronel reformado do Exército.

Foram presos:

Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro (preso na casa da namorada);

Marcelo Câmara, coronel do Exército ex-assessor especial de Bolsonaro;

Coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto;

Rafael Martins de Oliveira, major do Exército; 

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro (preso por posse irregular de arma de fogo) .

O que se sabe sobre a Operação Tempus Veritatis

Na manhã desta quinta-feira (8), a Polícia Federal deflagrou a Operação Tempus Veritatis. A ação tinha como alvo um grupo que, supostamente, teria arquitetado um golpe após as eleições de 2022, com o objetivo de manter o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Antônio Cruz/Agência Brasil - 20.02.2020
Ao todo, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, além de 4 mandados de prisão preventiva e 44 de medidas cautelares. Elas foram cumpridas nos estados do Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal. Marcelo Camargo/Agência Brasil - 04.10.2016
A operação teve como base a delação do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Outras provas também foram coletadas pela PF para justificar as buscas promovidas pela operação. Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes Antônio Cruz/Agência Brasil - 24.08.2023
Dentre os alvos, destaca-se o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na operação, os agentes foram à casa do ex-mandatário em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, com o objetivo de apreender o passaporte. Entretanto, o documento não estava no local, sendo dado o prazo de 24 horas para ele ser entregue à Polícia. No tarde desta quinta-feira, o documento foi entregue em Brasília, sendo confirmado pelo advogado do ex-presidente, Paulo Bueno. Marcelo Camargo/Agência Brasil - 04.12.2018
Dentre os presos, estão: os ex-assessores de Bolsonaro, coronel Marcelo Costa Câmara e Filipe Martins; o major do Exército Rafael Martins de Oliveira; e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Montagem/Portal iG - 08.02.2024
A lista de investigados conta com ex-ministros de Bolsonaro e aliados, como o ex-ministro da Casa Civil Braga Netto; ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno; ex-ministro da Justiça Anderson Torres; e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. Marcelo Camargo/Agência Brasil - 25.09.2023
O ex-ministro da Justiça, inclusive, já responde ao STF por suspeita de conivência e omissão com os atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Por conta desta acusação, Anderson Torres ficou quase quatro meses preso em 2023. Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 09.03.2023
Segundo a PF, o grupo teria se dividido em diferentes núcleos que disseminavam peças de desinformação sobre a fraude nas eleições de 2022. Elas teriam começado antes das eleições para “viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital". Tânia Rêgo/Agência Brasil - 16.10.2022
A primeira parte do grupo teria trabalhado na construção de uma imagem de que as eleições foram fraudadas, espalhando fake news sobre a vulnerabilidade do sistema de votação eletrônico. A PF ainda afirma que o discurso é repetido desde 2019, e continuou após a vitória e posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pedro França/Agência Senado - 31.03.2023
Já o segundo eixo ficou encarregado de atuar na promoção de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, com a promoção de um golpe de Estado. Segundo as investigações, o grupo era apoiado por militares com conhecimento tático de forças especiais em ambiente politicamente sensível. Marcelo Camargo/Agência Brasil - 01.09.2023
A Operação Tempus Veritatis, que vem do Latim “hora da verdade”, é apenas uma das operações que estão em curso investigando a família do ex-presidente e aliados. Outras são: Operação Vigilância Aproximada, que investiga a chamada “Abin Paralela”; Operação Última Milha, investigando sobre o uso da ferramenta de espionagem “First Mile”; Operação Lucas 12:2, focado na investigação de um grupo ligado à Bolsonaro que supostamente comercializava joias e outros bens de valor; Operação Venire, que apura sobre a adulteração de dados sobre a vacinação contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde; e a Operação Lesa Pátria, mais conhecida, que investiga os atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Polícia Federal/Agência Brasil - 08.02.2024


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