Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas, prefeito e governador de São Paulo
Reprodução/Governo do Estado de São Paulo
Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas, prefeito e governador de São Paulo


O apagão provocado pelo temporal que atingiu São Paulo na sexta-feira (3), causando mortes e a queda de muitas árvores, deixou milhões de paulistanos sem energia , devido aos danos causados à fiação elétrica.

Desde então, cerca de 200 mil pessoas continuam sem eletricidade , o que causa uma série de transtornos e revolta com a concessão do serviço fornecimento de energia para a empresa Enel Brasil; com o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB); e com o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).





A classe política também não deixou barato. Como já era de se esperar, a oposição aos governos municipal e estadual vem fazendo críticas ferrenhas tanto à falta de energia em si, quanto à postura de Nunes - apelidado de “rei do camarote” por assistir a eventos esportivos enquanto a cidade estava caótica - e de Tarcísio, que evita culpar a Enel pela crise energética e tenta descolar sua imagem do problema que atinge a capital. 


A crise política causada pela falta de energia ficou ainda pior para Nunes e Tarcísio quando até mesmo políticos que estão do mesmo lado que eles no espectro político e defendem as privatizações, diante da insatisfação popular, assumiram uma postura de crítica aos governos municipal e estadual. 


Diante da impopularidade que o evento vem lhe causando, Ricardo Nunes - que concorrerá à reeleição em 2024 tendo como principal adversário o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) - já afirmou que entrará na Justiça contra a Enel Brasil caso o prazo de restabelecer 100% do serviço até esta terça-feira (7) não seja cumprido. 

O custo político do apagão

Apagão em SP
Reprodução Twitter
Apagão em SP


Na visão de Rodrigo Augusto Prando, que é cientista político, sociólogo, consultor, palestrante, pesquisador e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a crise que os paulistanos enfrentam “coloca, ao mesmo tempo, tanto a iniciativa privada quanto os governos municipal e estadual na berlinda”.

Ele argumenta que o pior desgaste fica para o prefeito Ricardo Nunes, visto que falta menos de um ano para a eleição municipal e sobram críticas à falta de manejo arbóreo adequado, por meio da manutenção, realização correta da poda das árvores e a retirada daquelas que estão condenadas e correm risco de queda.

Para remediar a situação, Rodrigo Prando afirma que o prefeito terá que fazer “uma ação de comunicação capaz de mostrar um prefeito ativo, presente e empático com as agruras do cidadão. Ademais, ele levantou o tom com a concessionária ameaçando de processo na Justiça”, se quiser se manter competitivo. 

No caso do governador Tarcísio de Freitas, Rodrigo afirma que a demora da Enel em dar resposta ao problema energético “aumenta o tom dos críticos das privatizações que têm em Tarcísio um grande defensor, especialmente, em relação à Sabesp”. 

“Tanto é assim, que recuperaram uma cena do governador batendo o martelo numa privatização com uma veemência poucas vezes vistas. Some-se a isso as críticas à Enel originadas em grupos bolsonaristas que sempre foram defensores das privatizações e da diminuição do tamanho do Estado.”

Por sua vez, a jornalista, doutora em ciência política e professora universitária na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO), Priscila Lapa, destacou o quanto a crise energética é prejudicial para Tarcísio de Freitas, que se elegeu com um discurso muito voltado ao favorecimento do setor produtivo. 

“A crise energética impacta desde o consumidor mais simples que paga tarifa mínima mas necessita da energia no seu cotidiano, até o grande industrial. Isso ocorrer no primeiro ano de mandato de um governador que se elege dentro de uma perspectiva ideológica de favorecimento do setor produtivo, que trabalha muito a questão do favorecimento da competitividade de mercado, é muito ruim”, argumentou ela. 

Para tentar reduzir os estragos à sua imagem, Priscila destaca que Tarcísio precisa urgentemente constituir “um comitê técnico para tomar medidas que impactem efetivamente, no curto prazo, e demonstrem que o governo sabe conduzir as condições necessárias para a questão da crise energética”.

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