Em vez de novo dia de greve, os trabalhadores optaram por realizar um ato de protesto
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Em vez de novo dia de greve, os trabalhadores optaram por realizar um ato de protesto


O Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo rejeitaram a deflagração de uma nova greve no sistema de transporte sobre trilhos após uma assembleia realizada na noite de quinta-feira (5). Em vez disso, o sindicato realizará “uma grande manifestação em frente ao Cidade 2 no dia 9/10”.

“Os metroviários aprovaram que, em caso de greve, se fizesse o desafio ao governador da liberação de catracas. Não vai haver greve, mas essa decisão reafirma que a disposição dos metroviários é lutar por direitos e não prejudicar o trânsito da população. Por fim, a categoria metroviária e o Sindicato enviou carta ao governo solicitando reunião de negociação, aguardamos resposta. Dia 9/10 (segunda-feira), no Edifício Cidade 2, todos ao Ato unificado!”, diz um comunicado oficial no site do sindicato.

A proposta de paralisação se deu como resposta a um edital de terceirização do metrô para o cargo de agentes de estações, com pregão marcado para terça-feira (10), e do pátio Oratório da linha 15-prata do monotrilho, marcado para o dia 17 de outubro.

A última paralisação reuniu trabalhadores do metrô, da  CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) num movimento unificado contra a privatização dos serviços de transporte, abastecimento de água e esgotamento sanitário.



Criminalização de movimentos trabalhistas

A greve causou transtornos à população, como a lotação dos ônibus,  engarrafamentos e dificuldades para usar aplicativos de transporte particular, causando revolta dos usuários do metrô contra a gestão estadual. 

O sindicato chegou a negociar a liberação das catracas no lugar da paralisação do serviço , mas o governo não acatou a proposta, atacou os sindicalistas e defendeu a privatização como solução - ignorando que em um ano, foram registradas 132 nas linhas de trem privadas. 

“Quais são as [linhas] que estão em funcionamento hoje? As que foram transferidas para a iniciativa privada. Essas linhas não estão deixando o cidadão na mão”, disse o governador. Ironicamente,  no dia da paralisação, a Linha 9-Esmeralda, concedida à ViaMobilidade, apresentou “mini explosões” e precisou ser paralisada.

Além dos ataques por parte do governador, na quarta-feira (4) a presidente do Sindicato dos Metroviários e Metroviárias, Camila Lisboa, foi convocada por apoiadores de Tarcísio e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para “prestar esclarecimentos” sobre a greve na Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara dos Vereadores. 

O sindicato se manifestou em defesa de Camila, argumentando que “esse procedimento, utilizado recentemente pela extrema direita também contra o MST no Congresso Nacional, visa criar um clima de repressão e intimidação contra as lideranças do movimento grevista unificado contra as privatizações do Metrô, da Sabesp e da CPTM que mostrou muita força na greve unificada no último dia 3/10”.

“Com muita luta dos trabalhadores se conquistou o direito de greve no Brasil, que não é crime (...) O Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo repudia essa campanha baixa, mentirosa e ilegal dos aliados do governador Tarcísio na Câmara dos Vereadores e reafirma seu compromisso em seguir lutando, junto aos movimentos sociais, contra as privatizações em curso.”

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