O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça-feira (3) que a greve da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) é "ilegal", "claramente política" e contraria os interesses dos cidadãos. Veja abaixo:
"Infelizmente o que a gente esperava tá se concretizando, temos aí uma greve de metrô, CPTM, Sabesp, uma greve ilegal, uma greve abusiva, uma greve claramente política, uma greve tem por objetivo a defesa do interesse muito particular e aí a quem tá entrando em greve tá se esquecendo do mais importante que é o cidadão", declarou.
"A gente tá vendo as pessoas nas estações, pra chegar ao trabalho, pra chegar a consulta, pra chegar a faculdade, pra chegar na entrevista de emprego e aí se depara com uma estação fechada, se deparam com as linhas sem operação. Eles [os metroviários] não estão respeitando o poder judiciário, não estão respeitando o cidadão, então é uma pena a gente ver o cidadão de joelho, o cidadão sofrendo", completou.
O governador reiterou que a privatização, por enquanto, está na fase inicial, de estudos e audiências públicas. Mesmo assim, defendeu a concessão das linhas que já foram feitas como a "direção certa".
"Então não pode estudar desestatização de linhas, não pode estudar concessões? Mas quais linhas estão funcionando hoje? A linha cinco que é concedida, a linha oito que é concedida, a linha nove que é concedida. As linhas operadas pela iniciativa privada", afirmou
"Isso só reforça a convicção e nós estamos na direção certa. Nós temos sim que estudar, enfrentamos esse debate no momento das eleições, nos colocamos com muita clareza, com muita sinceridade, enfrentando todo o ônus que tem que ser enfrentado naquele momento que era importante estudar pra que a gente pudesse ter a capacidade de investimento, trazer esse capital, melhorar a qualidade do serviço. Iniciamos estudos para verificar a viabilidade financeira pra verificar se o transporte presta o melhor serviço. Existiu o momento da consulta, a população faz parte do rito da audiência pública. O legislador estabeleceu um processo de concessão, um processo de descentralização, processo de privatização, existe um momento, existe a hora, existe o fórum adequado pra se manifestar os processos, pra dar contribuições, né?", completou.
A greve é uma tentativa dos servidores de barrar o plano de privatização do governo Tarcísio de Freitas, uma das principais bandeira do chefe do Bandeirantes. Além dos metroviários, servidores da Sabesp também aderiram à paralisação.
Para o sindicato que representa a categoria, a privatização do Metrô, CPTM e Sabesp poderá prejudicar o serviço oferecido ao público e aumentar os preços das passagens e do fornecimento de água em parte do estado.
No Metrô, o impacto maior é sobre as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata. Já as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM também são afetadas.
A greve fez com que a Prefeitura de São Paulo cancelasse o rodízio para os veículos com placas finais 3 e 4 nesta terça. A medida continua valendo para caminhões.
Tarcísio mencionou ainda que estuda a criação de linhas entre Sorocaba, Campinas e São José dos Campos para a capital paulista, além de conexão com o aeroporto de Guarulhos e de mais pontos que conectem a Zona Leste da cidade, "como que é a expansão da linha quatro pra Tabuão".
O governador disse ainda que duzentos ônibus a mais foram colocados em operação nesta terça.
Quanto à paralisação da Sabesp, o governador disse que a empresa está em operação normal, e que há um plano de emergência que não precisou ser empenhado até o momento.
Tarcísio criticou suposta "politização" dos sindicatos e disse que há razões "por trás" da manifestação.
"Em cada manifestação é assim, infelizmente nós temos hoje uma confusão de sindicato e partido político, o controle do sindicato por determinados partidos né? Partidos que já mostram que não tem a menor disposição pra ir ao local. Tem que dar o exemplo na eleição municipal ano que vem. E aí eu fico me perguntando o que será numa cidade governada dessa maneira", disse.
Ponto facultativo
O governo de São Paulo e a prefeitura anunciaram o ponto facultativo em todos os serviços públicos estaduais e municipais nesta terça. Segundo o Palácio dos Bandeirantes, a medida visa reduzir os prejuízos à população.
"Os serviços de segurança pública não serão afetados. Assim como os restaurantes e postos móveis do Bom Prato, que vão continuar a oferecer normalmente as refeições previstas para terça. As consultas em Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) terão seus reagendamentos garantidos, assim como nos postos do Poupatempo. Aulas e provas da rede estadual de ensino também serão repostas e reagendadas", diz trecho do comunicado.
A Justiça determinou que o Metrô e a CPTM operem com a capacidade máxima durante os horários de pico. O Tribunal de Justiça ainda proibiu a campanha de catracas livres nas estações, por receio de acidentes e possíveis tumultos. O Sindicato dos Metroviários, porém, prometeu recorrer da decisão.