A delegada Maria Aparecida Mallet, titular da 6ª DP (Cidade Nova), disse, na tarde desta sexta-feira, que as imagens de câmeras de segurança da rua onde houve o acidente que resultou na morte da menina Raquel Antunes , mostram que havia várias crianças em volta da alegoria.
Segundo a delegada, a gravação mostra o oposto que disse o condutor em depoimento na 6ª DP (Cidade Nova), de acordo com a TV Globo. No depoimento, o motorista afirmou que não vira crianças em cima do carro, deu a partida e prosseguiu com o reboque da alegoria.
Inicialmente, o caso está sendo investigado com homicídio culposo (sem intenção de matar). Maria Aparecida Mallet disse ainda à TV Globo que várias testemunhas prestaram depoimento, mas os parentes ainda não falaram com a polícia.
A delegada determinou a apreensão do carro alegórico que imprensou a criança. O ‘Embarque no famoso 33’, da Em cima da hora, foi levado para um barracão, também na Região Portuária do Rio, e está à disposição de novas perícias complementares de profissionais do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), que o analisaram e o fotografaram e trabalham para determinar as causas do acidente. Devem ser ouvidos na delegacia o presidente administrativo da escola de samba e um auxiliar do motorista do reboque que puxava a alegoria.
Na próxima segunda, deve prestar depoimento o auxiliar da empresa Carvalhão, que servia como guia do caminhão que puxava o carro alegórico no momento do acidente.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, nem o ‘Embarque no famoso 33’, nem os demais carros alegóricos da Série Ouro que desfilaram na primeira noite do carnaval, na Marquês de Sapucaí, foi vistoriado e recebeu autorização do órgão para entrar na Avenida.
Por três vezes, houve uma tentativa de notificar a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj) para informar que nenhuma das escolas do antigo Grupo de Acesso pediram a vistoria para suas alegorias. Por conta disso, nenhum deles teria autorização para desfilar.
Morte após operação
A menina de 11 anos sofreu um acidente em um carro alegórico da escola Em Cima da Hora na Sapucaí e morreu no início da tarde desta sexta-feira (22). A criança passou ontem por uma cirurgia de oito horas no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio, em que foi amputada a perna direita. Após a operação, ficou em estado gravíssimo. Imagens após o acidente mostram marcas de sangue, carro alegórico arranhado e chinelos que seriam da menina.
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A morte foi confirmada pela direção do Hospital Municipal Souza Aguiar, por meio de nota enviada pela Secretaria municipal de Saúde (SMS). O óbito aconteceu às 12h10 desta sexta.
Mãe desmaia na entrada do hospital
A mãe de Raquel, Marcela Portelinha Antunes, que está grávida, passou mal ao chegar ao hospital logo após a morte da criança. Ela estava acompanhada por outras três mulheres. Ao sair de um táxi, antes de passar pela entrada do hospital, ela desmaiou e foi socorrida em uma maca.
Desde quarta-feira, familiares relatam que Marcela tem tido diversos desmaios e que estava traumatizada desde que soube que a filha tinha amputado uma perna por conta do acidente. Marcela está grávida de 3 meses e também passou mal na tarde de ontem enquanto falava com jornalistas no hospital.
Momentos da tragédia
Ontem, no hospital, a mãe da menina contou que a filha subiu no carro alegórico da Em Cima da Hora quando o veículo estava parado, após o desfile, na noite de quarta-feira (20). As pernas da criança foram imprensadas quando o carro estava em movimento e passava ao lado de um poste numa parte estreita da via. As duas pernas da criança ficaram dilaceradas, segundo a mãe. Durante a operação, que demorou cerca de seis horas, foi preciso amputar a perna direita.
A família estava em uma lanchonete perto da Sapucaí quando a menina se distanciou para ver os carros alegóricos e subiu em um que estava parado. Em cima do carro ficaram os dois chinelos arrebentados que seriam da menina. Além disso, a alegoria ficou destruida no local do acidente. Elementos foram quebrados e parte do forro foi arrancada.
Muitas crianças estavam no local do acidente, o que atrapalhou o guincho do carro alegórico. Uma funcionária da Liga-RJ teve que pedir para elas se afastarem para que outro acidente não acontecesse. Duas pessoas auxiliaram o motorista do guincho a retirar a alegoria.
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