A CPI da Câmara Municipal de São Paulo vai investigar se a Prevent Senior dava mais atenção aos pacientes particulares do que àqueles que possuíam convênio médico. A linha de investigação se abriu ontem, após depoimentos que apontaram como recorrente a prática de encaminhar beneficiários do convênio para os cuidados paliativos antes de esgotar os tratamentos médicos.
Familiares de pacientes que não passaram pelos cuidados paliativos também relataram à CPI ter enfrentado problemas com a operadora. Em um depoimento emocionado, a pedagoga Andrea Rotta afirmou que seu marido, o empresário e educador físico Fabio Seinas, de 51 anos, ficou sem receber remédios de uso contínuo que já tomava antes da internação e foi tratado com o kit Covid, contraindicado para cardiopatas, como ele, e ineficaz contra a doença.
Antes de ser intubado, Fabio enviou uma mensagem a Andrea em que dizia: “Me tira daqui, eu vou morrer, eles não sabem o que eles fazem”. A pedagoga afirmou, ainda, que, em uma das visitas ao marido, o encontrou deitado em lençóis sujos de sangue, com o rosto inchado e com machucados pelo rosto e pescoço.
Uma queixa comum entre os depoentes foi a resistência em internar os pacientes, mesmo que apresentassem sinais de estado grave.
A insistência para os cuidados paliativos apareceu também no depoimento do jornalista Gilberto Nascimento, que perdeu a mãe. De acordo com ele, houve falsificação no prontuário de sua mãe, porque sua família não autorizou a adoção de cuidados paliativos.
Em nota, a Prevent Senior negou as acusações feitas pelos depoentes na CPI e reafirmou que “jamais tratou seus pacientes adotando procedimentos com o objetivo de reduzir custos ou liberar leitos".