O policial militar Luiz Paulo Dominguetti , que se diz representante da empresa americana Davati Medical Supply, já falava em superfaturamento na venda da vacina Covaxin contra Covid-19 antes de ouvir uma proposta de propina no jantar do dia 25 de fevereiro com o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias.
Segundo o Jornal Nacional, mensagens do celular do PM entregues à CPI da Covid mostram um contato de Dominguetti com o coronel Romualdo, que chegou a ser citado por ele no depoimento à CPI, em que falam sobre um depósito de 1 milhão de dólares.
Leia
: Golpistas comemoravam 'últimos dias de pobre' antes de acerto com o Ministério da Saúde
No dia 6 de fevereiro, Dominguetti ligou para Romualdo. Em resposta, o coronel respondeu que passou "para a frente a sua demanda”.
Em 8 de fevereiro, Romualdo pergunta a Dominguetti se “aquele assunto evoluiu”.
Dominguetti responde: “Parece que vamos conseguir o que é certo e justo”. “Porém, já falei que, coisa errada, não conte comigo”.
O coronel pergunta: “O camarada lá no MS recuou?”
Leia
: Presidente da CPI faz apelo para que Bolsonaro se pronuncie sobre caso da Covaxin
Dominguetti responde: “A atravessadores, sim”. E diz que o “que eles queriam é loucura”.
Romualdo diz: “Importante ver quem está nesse esquema lá no MS, identificar o servidor, para monitorá-lo”.
Dominghetti responde: "Sim".
O coronel diz que passou "essa situação para frente no fim de semana": " Estão me pedindo mais detalhes”.
Dominghetti diz que naquele dia haviam ligado para ele e dito que “iam avançar, mas não posicionaram ainda nada.”
Leia:
Senadora aponta erros em documentos 'fajutos' que governo apresentou sobre compra de Covaxin
O coronel responde perguntando quem ligou e diz: “Para a coisa chegar no presidente ... tem que ter informação correta”.
Dominguetti concorda, e o coronel diz que passaria contato dele para um assessor do deputado Junio Amaral (PSL-MG).
Dominguetti encaminha uma imagem de outra mensagem e diz: “Cmt absurdo!” e “Queriam que eu superfaturado o valor da vacina para 35 dólares”. "Falei que ninguém fazia".
Você viu?
O coronel responde “Absurdo”.
Dominguetti responde: “Tá assim lá” e “neste momento”.
No mesmo dia, o coronel Romualdo diz: "Você me falou de um Dias no MS... Será esse?
O coronel enviou o ink de uma reportagem que informa o cancelamento da indicação de Roberto Dias para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depois de denúncias.
Dominguetti manda uma imagem de Roberto Dias, falando: “Se for este, matou a charada": “Ele quem assina as compras e contratos no ministério”.
O coronel responde: "Pois é, pilantra".
Dominguetti responde: "Bem, vamos ver o que eles resolvem lá". "Se depender dele, povo morre". "Se ele não receber o dele por fora".
No dia 3 de fevereiro, Roberto Dias entrou em contato com Cristiano Carvalho se apresentando como diretor do ministério. A partir dali, eles começaram a trocar mensagens e telefonemas sobre a venda de vacina contra Covid-19.
No dia 4, Cristiano Carvalho encaminhou documentos sobre autorização para venda de vacinas e depois escreveu: "Bom dia, Roberto. Desculpe, estava negociando para o MS Brasil. O preço ficou US$ 12,51 por dose FOB (europa). Preciso da loi e gov authorization”.
No dia 9, Roberto Dias ligou três vezes para Carvalho, mas não foi atendido.
Em depoimento à CPI, Dominguetti disse que recebeu o pedido de propina no dia 25 de fevereiro, no jantar em um restaurante em Brasília - 17 dias depois desse diálogo que teve com o coronel Romualdo, que já indicava a pressão para superfaturar o valor da vacina.
Uma mensagem de Dominguetti ao tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde , que trabalhava na diretoria de Roberto Dias, ainda não foi esclarecida pelos integrantes da CPI.
No dia 8 de março, em meio ao registro de ligações entre Dominguetti e Blanco, Domingueti escreveu:
Dominghetti: "Vamos depositar US$ 1 milhão agora"
A CPI ainda não sabe se o dinheiro foi efetivamente depositado por quem, na conta de quem, e a troco de quê.