O Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira (15) uma nova orientação sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina, estendendo a recomendação para o uso precoce das drogas no tratamento de grávidas e crianças que tenham contraído Covid-19. A ampliação aconteceu no mesmo dia em que a FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos Estados Unidos, revogou a permissão para o uso de cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.
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A orientação da pasta traz doses de prescrição da cloroquina desde o primeiro dia de sintomas. No caso das crianças, no entanto, na fase de sintomas leves, o órgão orienta que haja a prescrição apenas se o paciente tiver alguma condição prévia de risco, como diabetes, hipertensão arterial, obesidade e asma grave. Além de disfunções orgânicas crônicas, cardiopatias, pneumopatia crônica, doença neurológica crônica ou imunodeficiência.
"Seguimos no desejo de nortear uma orientação segura para os profissionais médicos, porque o que vemos são serviços privados continuarem a prescrição para gestantes, crianças e idosos de forma diversa. Não lançamos a orientação no início pela inúmera responsabilidade. E, no caso das crianças, porque não tínhamos orientações seguras para manejo dessas drogas", disse a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde , Mayra Pinheiro, que afirmou que o ministério levou em consideração pareceres da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
O parecer da SBP, no entanto, orienta o uso dessas drogas em crianças apenas em estudos controlados, com anuência dos responsáveis.
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Em caminho contrário, a FDA, agência americana equivalente à Anvisa no Brasil, revogou ontem a permissão de emergência, no país, para o uso da hidroxicloroquina e cloroquina como tratamento para a Covid-19 .
Por meio de documento, o órgão informou que “não é mais razoável acreditar que as formulações orais de hidroxicloroquina e de cloroquina possam ter eficácia no tratamento da doença e que seus benefícios superem riscos conhecidos e potenciais”.
O medicamento havia sido liberado pela própria FDA , em 28 de março, para uso emergencial em pacientes graves e hospitalizados. Na época, o presidente Donald Trump afirmou já ter utilizado a cloroquina como preventivo e que associada ao antibiótico azitromicina “tinha uma chance real de ser uma das maiores mudanças na história da Medicina”. De acordo com a FDA, a decisão foi tomada com base em novas informações e em uma reavaliação dos dados disponíveis à época da liberação.
Questionada sobre a ampliação do uso de cloroquina no Brasil no mesmo momento em que outros países adotam restrições à droga, Mayra Pinheiro criticou a agência americana.
" Seguimos tranquilos, serenos e seguros sobre a nossa orientação . Os trabalhos citados na carta da FDA mostram referências que não podem ser utilizadas nem pelo Brasil e nem pelo mundo. São trabalhos de péssima qualidade", disse a secretária.
De acordo com o Ministério da Saúde , até o momento o governo já distribuiu 2,9 milhões de comprimidos de cloroquina para todos os estados.